sábado, 30 de julho de 2011

Coisas que ficam



Outro dia escrevi sobre meus avós, sobre a importância que tiveram na minha vida, as marcas profundas que deixaram, lembranças um pouco soltas, talvez, mas sempre com a certeza de amor, dedicação, cuidado.
Fiquei pensando muito nisso, tentei imaginar qual seria a herança impalpável que  meus filhos receberam dos avós. Num exercício de adivinhação fiquei lembrando de várias situações que eu não estava presente, das quais sempre se referem quando conversamos sobre suas lembranças. Há muitas, pela diferença de idade há uma variedade enorme de lembranças, situações que nem todos viveram ou se viveram não lembram, como eles comunicam essas experiências, como os outros traduzem tais lembranças, mas nem precisava tanto esforço.
Meus sobrinhos estavam com minha mãe, levei a caçula até lá, para meu deleite a resposta da minha pergunta estava lá no gramado, uma avó com seus netos, numa brincadeira de pintura com o material de pintura da avó.
Cada um experimentando aquele momento a sua maneira, cada um lidando com os pincéis e as misturas de cores, deixando transparecer toda sua personalidade, uma mais impulsivo, jogando as cores no papel, experimentando os movimentos do pincel, outra mais detalhista, preocupada com pequenos traços, a outra mais experiente, gosta dos efeitos das pinceladas no papel...  a avó que por sua vez acredita profundamente na conquista individual não determina nada, observa e apoia, incentiva, na hora me veio uma ideia na cabeça, esse é o tipo de evento que eu chamo de Teatro Bianchinni.
O interessante é que essa avó não tem nada daquele estereótipo de avó que estraga os netos, ela é uma avó linha dura, criança tem que brincar, tem hora para comer, para dormir e não gosta de manha,  as crianças adoram ficar com ela, aliás ficam muito bem, e adoram.

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