- Antigamente as crianças eram arteiras, lembra, Adelaide? Aquelas crianças que moravam naquela casa ai em frente? Elas me deixavam maluca, todo dia elas tocavama a campainha e corriam, pulavam o muro para pegar a bola que caia no meu jardim, pisavam nas minhas plantas, pegavam as frutas da minha pitangueira, atiçavam passarinho, ficavam gritando - Matiiiiiillllldeeeeee, vem tomar uma cafézinhooooooo!!! Matiiiiiiiillllllldeeeeeeeeee, vem comer uns biscoitinho.... Olha que a mãe era bem rígida, tudo no horário, ensinava pedir licença, dar bom dia, falar por favor e obrigada, mas eram muito danadas!
- Hoje as crianças são mimadas, as mães não sabem dizer não, tem medo de dar limite, Matilde!
- Ai, Adelaide, esqueci, como era mesmo o nome das crianças? Eram nomes combinados, não é, Adelaide?
- Eram nomes diferentes, não combinados. Lembra, Matilde, a mãe deixava as crianças de calcinha e cueca, na área da frente da casa, ligava a mangueira e deixava eles brincando com água a manhã toda... eles ficavam molhando os carros que passavam na rua!
- Eu lembro que vira e mexe a gente ajudava a socorrer alguma criança, sempre ela corria com alguma criança estrupiada até o pronto-socorro, ainda bem que o pronto-socorro ficava ali na esquina... tão bonita aquela moça, lembra Adelaide?
- Ela tinha um cabelo bem bonito, bem tratado, eu cortei muito aquele cabelo! Ela gostava de deixar o cabelo liso, dizia que não dava tempo de ficar chocando a cuca debaixo do secador, ela tinha muito filho para cuidar!
- Ela era boazinha, aquela moça, tinha uma paciência com aquele tanto de filho, ela engatava uma barriga na outra! Ai, Adelaide esqueci!
- Matilde, você tomou o remédio direitinho, minha filha? Você anda muito esquecida!
- Eu sou assim, Adelaide!
- Você é distraída, avoada, esquecida, não, Matilde! A gente vai começar a fazer palavras-cruzadas todos os dias, cedo, dizem que é bom para o cérebro, ajuda a memória, você é muito moça para ficar esquecida!!! Ainda não quero saber de programa de terceira idade
- Ai eu esqueci, Adelaide?
- O nome daquela cidade que a gente visitou naquela excursão do clube!
- Caxambu, Matilde!
- Isso, Caxambu!
- Que tem Caxambu, Matilde?
- Era o nome do cachorro deles, lembra, Adelaide, como era feio aquele cachorro?
- Acho melhor ir até o jornaleiro comprar um Coquetel. Vamos, Matilde?
- Prá que coquetel, Adelaide, Eu não quero beber a essa hora!
- Hoje as crianças são mimadas, as mães não sabem dizer não, tem medo de dar limite, Matilde!
- Ai, Adelaide, esqueci, como era mesmo o nome das crianças? Eram nomes combinados, não é, Adelaide?
- Eram nomes diferentes, não combinados. Lembra, Matilde, a mãe deixava as crianças de calcinha e cueca, na área da frente da casa, ligava a mangueira e deixava eles brincando com água a manhã toda... eles ficavam molhando os carros que passavam na rua!
- Eu lembro que vira e mexe a gente ajudava a socorrer alguma criança, sempre ela corria com alguma criança estrupiada até o pronto-socorro, ainda bem que o pronto-socorro ficava ali na esquina... tão bonita aquela moça, lembra Adelaide?
- Ela tinha um cabelo bem bonito, bem tratado, eu cortei muito aquele cabelo! Ela gostava de deixar o cabelo liso, dizia que não dava tempo de ficar chocando a cuca debaixo do secador, ela tinha muito filho para cuidar!
- Ela era boazinha, aquela moça, tinha uma paciência com aquele tanto de filho, ela engatava uma barriga na outra! Ai, Adelaide esqueci!
- Matilde, você tomou o remédio direitinho, minha filha? Você anda muito esquecida!
- Eu sou assim, Adelaide!
- Você é distraída, avoada, esquecida, não, Matilde! A gente vai começar a fazer palavras-cruzadas todos os dias, cedo, dizem que é bom para o cérebro, ajuda a memória, você é muito moça para ficar esquecida!!! Ainda não quero saber de programa de terceira idade
- Ai eu esqueci, Adelaide?
- O nome daquela cidade que a gente visitou naquela excursão do clube!
- Caxambu, Matilde!
- Isso, Caxambu!
- Que tem Caxambu, Matilde?
- Era o nome do cachorro deles, lembra, Adelaide, como era feio aquele cachorro?
- Acho melhor ir até o jornaleiro comprar um Coquetel. Vamos, Matilde?
- Prá que coquetel, Adelaide, Eu não quero beber a essa hora!
4 comentários:
Paola,
Está ótimo! Você está cada vez melhor, é muito gostoso ler seus textos. Adorei o "En não quero beber! ha ha ha, muito bom.
um beijo
Adorei!Continue nesta proposta...Sinto que sou inspiração para muitas das suas personagens.Sinto me muito feliz!Com minha idade as vivências são muitas e consequentemente muitas histórias....Bjos Vera
Dinorah, obrigada, estou exercitando um novo jeito de contar as coisas, inventando tudo a partir de lembranças remotas!
bj
PAola
Veroca, querida,
que bom que vc se reconheceu!
ahahahahahaha!
Obrigada, continue participando!
bj
PAola
yeah!
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