Quando digo que tudo aconteceu em Atibaia não é exagero, as coisas aconteceram, assim mesmo.
Descobri, faz tempo, que com uma família dessas é impossível ser normal, nada com a gente é normal. Não podemos ser retratados em fotografias, precisamos ser narrados em novelas no melhor estilo do folhetim mexicano, ou italiano mesmo!
Todos estavam em Atibaia, Vovô, Vovó, Titia, haviam na casa três quartos, oficialmente, um para os avós, outro para minha tia e família e o nosso. Apesar de ser uma casa de veraneio para toda a família, nessa ocasião não havia cama suficientes para todos, acho as crianças vinham em maior velocidade que a possibilidade de se adquirir camas. Nós ainda éramos pequenos, minha mãe não tinha tanta experiência em viagens, a bagagem era extraordinária, talvez estivéssemos passando férias, pois meu pai havia mandado a tralha toda de caminhonete.
A solução do caso foi dada pelo meu pai, dormiria na sala.
Na manhã seguinte, o sol já brilhava lá fora, mas a casa ainda dormia, quase uma casa sonolenta se não fosse minha irmã, era agitada a criatura, sempre acordou muito cedo, e nunca deixou de aprontar das suas!
O caso aconteceu assim, acordou sozinha, a mãe que deve ter varado a madrugada amamentando e trocando fraldas dos mais novos, não deve ter sentido aquela cutucadinha sem convicção, para não incomodar ninguém resolveu sozinha, sair e ficar no jardim, apropriadíssimo, ela ainda não tinha completado cinco anos, a casa não tinha muros, cercas, nem portões!
O objetivo era mesmo sair, mas para isso era preciso completar pelo menos uma tarefa, encontrar o chinelinho, ela, apesar de ser da pá virada sempre gostou de manter o look, não era possível sair sem seu par de Havaianas amarelinhas, tinindo de novas.
Tudo parece fácil, é só calçar o chinelo, sair pela porta da cozinha para não atrapalhar o pai que dorme a sono solto e ficar sentadinha no degrau da sacada, balançando na rede.
Na teoria esse é um plano infalível, que parte dele pode dar errado, não é mesmo?
Meu querido e desavisado leitor, devo ir logo adiantando, tinha muito para dar errado, além dos desdobramentos trágicos.
Lembre-se, Vovô, Vovó e Titia, naquela casa que era de todo mundo, enquanto todos dormiam a pequena insone tentava sair de casa no máximo silêncio, só faltava a sandália de borracha? Cadê? Cadê? Ela não achava de jeito nenhum! Foi aí que ela lembrou! Como podia ter esquecido? Está em baixo do sofá! Claro!
Era um sofá enorme, de brim azul e tinha uma saia que escondia os pés, nossa pequena espalha brasa não conseguia enxergar lá de baixo, foi ai que a mente criativa e brilhante teve uma idéia genial! Lembre-se era o pai dela que dormia no sofá.
A garota correu, pegou o isqueiro do pai, muito antes dos descartáveis ele usava um Zippo daqueles "anti-vento", acendeu o isqueiro, surpresa, sem se queimar, levantou a saia do sofá de colocou o Zippo aceso lá em baixo!
Pois é, meu pai não virou churrasco, por sorte, alguém sentiu o cheiro e pulou da cama para salvar a própria vida!
Acordamos com a gritaria e a fumaça do algodão misturado com a da crina do sofá.
Até hoje gostaria de saber o que minha avó pretendia fazer com uma xícara de água e um paninho no meio daquela confusão!
O incêndio foi logo controlado, o fogo extinto deu espaço ao drama.
Foi ai que uma briga jamais vista em toda a história dessa família começou, minha tia, minha mãe que sempre foram amigas inseparáveis, desataram a falar impropérios uma para outra.
Enquanto brigavam minha mãe recolheu toda a tralha fez as malas e mandou que meu pai colocasse tudo no carro, missão impossível, ele tentou dissuadí-la de tamanha loucura, mas para não deixar a mulher mais furiosa ainda ele colocou todas e cada uma das malas, sacolas que ela ia guardando. O fusca, mesmo antes de estar completamente carregado, dava sinais de fadiga.
A briga continuava, uma falava para outra todos os desaforos possíveis, meu pai cuidando da bagagem... de repente, não se sabe como, as duas começam a chora e se abraçar, pedindo desculpas dizendo que são mais que cunhadas, uma é a irmã que a outra não teve, no final das contas elas fizeram as pazes, meu pai achou que iríamos embora, nada disso, ir embora? Como assim? Todos ficam....
Foi ai que a terceira parte do drama teve início, ele ficou muito bravo, começo a tirar tudo do carro e jogar pela janela do quarto, afinal não era ele que iria carregar tudo aquilo... além de jogar também reclamou até não poder e brigou com minha mãe, que foi defendida pela irmã dele...
Tudo isso por causa de uma havaiana amarelinha que estava em baixo do sofá!
Claro que existem detalhes que eu devo ter esquecido, por isso agradeço muito se alguém completar essa epopeia!
Descobri, faz tempo, que com uma família dessas é impossível ser normal, nada com a gente é normal. Não podemos ser retratados em fotografias, precisamos ser narrados em novelas no melhor estilo do folhetim mexicano, ou italiano mesmo!
Todos estavam em Atibaia, Vovô, Vovó, Titia, haviam na casa três quartos, oficialmente, um para os avós, outro para minha tia e família e o nosso. Apesar de ser uma casa de veraneio para toda a família, nessa ocasião não havia cama suficientes para todos, acho as crianças vinham em maior velocidade que a possibilidade de se adquirir camas. Nós ainda éramos pequenos, minha mãe não tinha tanta experiência em viagens, a bagagem era extraordinária, talvez estivéssemos passando férias, pois meu pai havia mandado a tralha toda de caminhonete.
A solução do caso foi dada pelo meu pai, dormiria na sala.
Na manhã seguinte, o sol já brilhava lá fora, mas a casa ainda dormia, quase uma casa sonolenta se não fosse minha irmã, era agitada a criatura, sempre acordou muito cedo, e nunca deixou de aprontar das suas!
O caso aconteceu assim, acordou sozinha, a mãe que deve ter varado a madrugada amamentando e trocando fraldas dos mais novos, não deve ter sentido aquela cutucadinha sem convicção, para não incomodar ninguém resolveu sozinha, sair e ficar no jardim, apropriadíssimo, ela ainda não tinha completado cinco anos, a casa não tinha muros, cercas, nem portões!
O objetivo era mesmo sair, mas para isso era preciso completar pelo menos uma tarefa, encontrar o chinelinho, ela, apesar de ser da pá virada sempre gostou de manter o look, não era possível sair sem seu par de Havaianas amarelinhas, tinindo de novas.
Tudo parece fácil, é só calçar o chinelo, sair pela porta da cozinha para não atrapalhar o pai que dorme a sono solto e ficar sentadinha no degrau da sacada, balançando na rede.
Na teoria esse é um plano infalível, que parte dele pode dar errado, não é mesmo?
Meu querido e desavisado leitor, devo ir logo adiantando, tinha muito para dar errado, além dos desdobramentos trágicos.
Lembre-se, Vovô, Vovó e Titia, naquela casa que era de todo mundo, enquanto todos dormiam a pequena insone tentava sair de casa no máximo silêncio, só faltava a sandália de borracha? Cadê? Cadê? Ela não achava de jeito nenhum! Foi aí que ela lembrou! Como podia ter esquecido? Está em baixo do sofá! Claro!
Era um sofá enorme, de brim azul e tinha uma saia que escondia os pés, nossa pequena espalha brasa não conseguia enxergar lá de baixo, foi ai que a mente criativa e brilhante teve uma idéia genial! Lembre-se era o pai dela que dormia no sofá.
A garota correu, pegou o isqueiro do pai, muito antes dos descartáveis ele usava um Zippo daqueles "anti-vento", acendeu o isqueiro, surpresa, sem se queimar, levantou a saia do sofá de colocou o Zippo aceso lá em baixo!
Pois é, meu pai não virou churrasco, por sorte, alguém sentiu o cheiro e pulou da cama para salvar a própria vida!
Acordamos com a gritaria e a fumaça do algodão misturado com a da crina do sofá.
Até hoje gostaria de saber o que minha avó pretendia fazer com uma xícara de água e um paninho no meio daquela confusão!
O incêndio foi logo controlado, o fogo extinto deu espaço ao drama.
Foi ai que uma briga jamais vista em toda a história dessa família começou, minha tia, minha mãe que sempre foram amigas inseparáveis, desataram a falar impropérios uma para outra.
Enquanto brigavam minha mãe recolheu toda a tralha fez as malas e mandou que meu pai colocasse tudo no carro, missão impossível, ele tentou dissuadí-la de tamanha loucura, mas para não deixar a mulher mais furiosa ainda ele colocou todas e cada uma das malas, sacolas que ela ia guardando. O fusca, mesmo antes de estar completamente carregado, dava sinais de fadiga.
A briga continuava, uma falava para outra todos os desaforos possíveis, meu pai cuidando da bagagem... de repente, não se sabe como, as duas começam a chora e se abraçar, pedindo desculpas dizendo que são mais que cunhadas, uma é a irmã que a outra não teve, no final das contas elas fizeram as pazes, meu pai achou que iríamos embora, nada disso, ir embora? Como assim? Todos ficam....
Foi ai que a terceira parte do drama teve início, ele ficou muito bravo, começo a tirar tudo do carro e jogar pela janela do quarto, afinal não era ele que iria carregar tudo aquilo... além de jogar também reclamou até não poder e brigou com minha mãe, que foi defendida pela irmã dele...
Tudo isso por causa de uma havaiana amarelinha que estava em baixo do sofá!
Claro que existem detalhes que eu devo ter esquecido, por isso agradeço muito se alguém completar essa epopeia!
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