Os atores da aventura, sim uma aventura digna de versão cinematográfica, provavelmente poderiam contar o caso com mais riqueza de detalhes, ou não, nunca se sabe como essa história foi contada para constar nos autos, na ausência dos protagonistas vou contar do meu jeito mesmo.
Um caso de família, os primos, a menina de 16 e o menino de 14, ele morava na praia, ela foi passar o final de semana com a tia, vovô e vovó, o quadro está pintado?
Era um feriadão de final de ano, finados ou república, ela estava encantada por um moço que, sabia, estava passando o feriado na Ilha Bela, logo ali, ela teve uma ideia genial, ir até lá visitar o moço, fazer uma surpresa, para tanto precisava de um comparça, depois de devidadmente desviado do equilíbrio, estado natural do primo, pegaram as bicicletas, o dinheiro do picolé e sairam para passear, depois que já haviam passado da balsa para o Guarujá, resolveram avisar a família, ligaram e avisaram a empregada: "avisa ai que vamos até a Ilha Bela e voltamos mais tarde ."
Ela sempre curtiu uma produção, se a ideia era um passeio de bicicleta ela faria um passeio, de classe, algum problema? Afinal são apenas 166 Km!
Ainda não existia telefone celular, o recado foi dado quando a família voltou da praia...
Imagino a cena, ao entrar em casa a patroa pergunta: "Bernadete, alguém ligou?", meio desinteressada Bernadete responde: "Não, ah! só o seu filho que avisou que está indo com sua sobrinha até a Ilha Bela de bicicleta e voltam mais tarde."
Como assim, Ilha Bela? Coisinha à toa, né Bernadete?
Apesar do almoço já estar na mesa ninguém comeu, no mesmo instante, naquela sala foi montado o quartel-general para o resgate dos fujões.
Primeira providência foi procurar o porteiro para recolher as devidas informações, horário de saída, aparência dos equipamentos, segundo dados levantados, parecia que eles iam até ali, sem bagagem, sem nada.
A primeira ligação foi dada para os pais da garota rebelde, no mesmo instante o pai dela pega o carro e desce a serra.
Onde estariam esses dois?
Bernadete, inconformada com o acontecido, mais que depressa recolheu os quitutes do almoço, deixou a mesa livre para o doutor João abrir um mapa do litoral, a ideia era determinar onde os dois , montados em suas bicicletas poderiam estar naquele momento. Se pedalarem a uma velocidade constante de 5km por hora...
Enqunto isso os dois, felizes da vida já haviam gasto os cinco mangos que tinham no bolso em picolé, estavam lisos, mas pedalando, estavam exaustos mas ainda não sabiam disso.
Enquanto isso, lá na sala do apartamento da rua Saldanha da Gama, em São Vicente, a avó rezava e consultava o tarô, o resto da família já tinha acionado a polícia, hospitais, caminhão de lixo e nada!
Já havia escurecido e nenhuma notícia, na garagem, o carro do pai da garota, uma Veraneio Chevrollet já havia se transformado em um carro de resgate, cobertores, água, garrafa térmica com uma canja quente, bebidas doces, biscoito, pomada para cãimbras e acho que também foi colocado um bote salva-vidas, para o caso de enchentes ou maré alta.
Naquele tempo, fazer um resgate dessa magnitude era uma ciência, por exemplo, não existia nenhum equipamento de comunicação móvel, por isso, não era possível sair sem rumo para fazer uma busca era preciso esperar. As secretárias eletrônicas de acionamento a distância, não haviam sido inventadas, portanto, era preciso fazer plantão ao lado do telefone, por isso minha condição de testemunha telefônica.
Quando todos já estavam desesperados, quando a esperança, que é a última que morre, estava por um fio, nossos amiguinhos surgem virando a esquina.
Lembre-se, essa é uma família ítalo-brasileira, com o desfecho feliz, depois de tanta apreensão, os dois, por muito pouco não apanharam, mas ouviram um sermão de proporções bíblicas.
Ao final, quando os ânimos se aclamaram, descobrimos que depois de pedalar 66km até Bertioga, não conseguiram atravessar a praia de Itaguaré, naquele tempo a Rio-Santos era uma rodovia selvagem, muitos trechos, no final do dia ficavam cobertos pela maré, ao se deparar com o obstaculo, os dois deram meia-volta e pedalaram para casa. Com toda a história desvendada o feriado da menina chegou ao fim, voltou para casa com o pai, apesar da bronca e das dores na perna, saltou do carro toda contente, teve fôlego para contar para todos os irmãos, amigos e conhecidos.
Apesar de todo drama, em nossa família, os casos são todos mais cômicos que trágicos.
Claro que pode ser que não foi nada disso, posso estar redondamente enganada, se for o caso alguém me corrija, por favor!
Um caso de família, os primos, a menina de 16 e o menino de 14, ele morava na praia, ela foi passar o final de semana com a tia, vovô e vovó, o quadro está pintado?
Era um feriadão de final de ano, finados ou república, ela estava encantada por um moço que, sabia, estava passando o feriado na Ilha Bela, logo ali, ela teve uma ideia genial, ir até lá visitar o moço, fazer uma surpresa, para tanto precisava de um comparça, depois de devidadmente desviado do equilíbrio, estado natural do primo, pegaram as bicicletas, o dinheiro do picolé e sairam para passear, depois que já haviam passado da balsa para o Guarujá, resolveram avisar a família, ligaram e avisaram a empregada: "avisa ai que vamos até a Ilha Bela e voltamos mais tarde ."
Ela sempre curtiu uma produção, se a ideia era um passeio de bicicleta ela faria um passeio, de classe, algum problema? Afinal são apenas 166 Km!
Ainda não existia telefone celular, o recado foi dado quando a família voltou da praia...
Imagino a cena, ao entrar em casa a patroa pergunta: "Bernadete, alguém ligou?", meio desinteressada Bernadete responde: "Não, ah! só o seu filho que avisou que está indo com sua sobrinha até a Ilha Bela de bicicleta e voltam mais tarde."
Como assim, Ilha Bela? Coisinha à toa, né Bernadete?
Apesar do almoço já estar na mesa ninguém comeu, no mesmo instante, naquela sala foi montado o quartel-general para o resgate dos fujões.
Primeira providência foi procurar o porteiro para recolher as devidas informações, horário de saída, aparência dos equipamentos, segundo dados levantados, parecia que eles iam até ali, sem bagagem, sem nada.
A primeira ligação foi dada para os pais da garota rebelde, no mesmo instante o pai dela pega o carro e desce a serra.
Onde estariam esses dois?
Bernadete, inconformada com o acontecido, mais que depressa recolheu os quitutes do almoço, deixou a mesa livre para o doutor João abrir um mapa do litoral, a ideia era determinar onde os dois , montados em suas bicicletas poderiam estar naquele momento. Se pedalarem a uma velocidade constante de 5km por hora...
Enqunto isso os dois, felizes da vida já haviam gasto os cinco mangos que tinham no bolso em picolé, estavam lisos, mas pedalando, estavam exaustos mas ainda não sabiam disso.
Enquanto isso, lá na sala do apartamento da rua Saldanha da Gama, em São Vicente, a avó rezava e consultava o tarô, o resto da família já tinha acionado a polícia, hospitais, caminhão de lixo e nada!
Já havia escurecido e nenhuma notícia, na garagem, o carro do pai da garota, uma Veraneio Chevrollet já havia se transformado em um carro de resgate, cobertores, água, garrafa térmica com uma canja quente, bebidas doces, biscoito, pomada para cãimbras e acho que também foi colocado um bote salva-vidas, para o caso de enchentes ou maré alta.
Naquele tempo, fazer um resgate dessa magnitude era uma ciência, por exemplo, não existia nenhum equipamento de comunicação móvel, por isso, não era possível sair sem rumo para fazer uma busca era preciso esperar. As secretárias eletrônicas de acionamento a distância, não haviam sido inventadas, portanto, era preciso fazer plantão ao lado do telefone, por isso minha condição de testemunha telefônica.
Quando todos já estavam desesperados, quando a esperança, que é a última que morre, estava por um fio, nossos amiguinhos surgem virando a esquina.
Lembre-se, essa é uma família ítalo-brasileira, com o desfecho feliz, depois de tanta apreensão, os dois, por muito pouco não apanharam, mas ouviram um sermão de proporções bíblicas.
Ao final, quando os ânimos se aclamaram, descobrimos que depois de pedalar 66km até Bertioga, não conseguiram atravessar a praia de Itaguaré, naquele tempo a Rio-Santos era uma rodovia selvagem, muitos trechos, no final do dia ficavam cobertos pela maré, ao se deparar com o obstaculo, os dois deram meia-volta e pedalaram para casa. Com toda a história desvendada o feriado da menina chegou ao fim, voltou para casa com o pai, apesar da bronca e das dores na perna, saltou do carro toda contente, teve fôlego para contar para todos os irmãos, amigos e conhecidos.
Apesar de todo drama, em nossa família, os casos são todos mais cômicos que trágicos.
Claro que pode ser que não foi nada disso, posso estar redondamente enganada, se for o caso alguém me corrija, por favor!
4 comentários:
Paola, essa história me 'aluminou' o domingo,rs... Fiquei imaginando a rumorosa família, toda reunida - bem à moda italiana - rindo, blasfemando, abraçando e fazendo sermões,rs. Pensando bem, ter pedalado 66 km com a bicicletinha, sem água e sem um lanchinho deve ter sido uma mega-aventura de nunca mais esquecer na vida,rs.
* Adorei a foto do Veraneio Chebrolet, carrão que fazia 3 km com um litro de gasolina,rs! E à propósito de Bertioga, eu ia lá no início dos anos 70, qdo a 'estrada' era a própria areia da praia, tudo muito mais selvagem e não havia casas ao redor, senão de pouquíssimos pescadores.
Olha foi tudo verdade verdadeira !
Eu tinha 16 anos, o primo 14.
O feriado era dia do trabalho 01/05 de qq coisa.A bike era uma Caloi 10, de peneu bem finhnho !
O dia estava lindo, depois de um café da manhã recem comprado na padoca, o que iriamos fazer?
No inicio iamos somente dar uma voltinha de bike, mas sempre fui muito animada e o passeio estava tao bom que resolvemos ir até a balsa !
Chegando lá tudo era tao fantático, aquela sensacão de liberdade, que resolvemos ir até o Guarujá.
Já que chegamos lá, que tal Perequê?
Iamos conversando, cantando,sem muitas pretençoes !
Como já falei sempre fui animada,
e já que chegamos até aqui que tal Bertioga ?
Continuamos pedalando sem nenhum problema !
Chegamos em Bertioga por volta do meio-dia !
Foi aí que ligamos para a Bernadete para avisar a tia !Olha que responsabilidade!!!!
Aventura mesmo foi daí pra frente !
Todos lembram que a Rio-Santos estava sendo construída e o único caminho era pela praia!
Uau, aquele areião...a Caloi 10!
Eu tava de biquini e uma jaqueta de nylon da OP.(cada lembrança!!!)
Aquilo grudava , mas ....
Eu sou muito animada.....
Bem por volta das quatro da tarde chegamos no final da praia e iamos entrar para a serra.
Além de animada,comojá falei ,sou também muito responsável, não cometo loucura !!!!
Estrategicamente fui pedir infomaçoes em um camping.
"Oi moço quanto tempo falta para chegar na Ilha ?
Que Ilha ?
Ilhabela!!
Ah, falta muito é melhor vcs dormirem aui e segurem amnhã."
Como sou muito responsável, resolvemos voltar.
Iniciamos nossa volta, já meio cansados....
Mas... vcs'já sabem...aquela animaçao...
Chegamos no Guarujá ,na praia da enseada e demos de cara com um super tobogã de água !!!!
Paramos para brincar um pouco, afinal ninguémé de ferro!!!!
Aí que a coisa pegou...
A musculatura esfriou e endureceu.
O pior trageto foi da enseada para a balsa ! Parecia que não chegava nunca....
Na balsa a coisa ficou muito pior.Aquele vento, a fome e o "prego".
Nào sei como chegamos em casa, mas quando fomos nos aproximando vimos aquela confusão toda na porta do predio, vi meu pai e pensei...
"puxa que cisa o que ele esta'fazendo aqui...
O resto a Paola já contou...
Eu só não apanhei do meu pai pq a visinha se colocou nafrente!!!!
Ah, muito bom !!!
Ficou uma frustraçao...
Eu sempre quiz de fato dar esta pedalada até a Ilhabela !
Obrigada e muitos beijos,
Carla.
Olha foi tudo verdade verdadeira !
Eu tinha 16 anos, o primo 14.
O feriado era dia do trabalho 01/05 de qq coisa.A bike era uma Caloi 10, de peneu bem finhnho !
O dia estava lindo, depois de um café da manhã recem comprado na padoca, o que iriamos fazer?
No inicio iamos somente dar uma voltinha de bike, mas sempre fui muito animada e o passeio estava tao bom que resolvemos ir até a balsa !
Chegando lá tudo era tao fantático, aquela sensacão de liberdade, que resolvemos ir até o Guarujá.
Já que chegamos lá, que tal Perequê?
Iamos conversando, cantando,sem muitas pretençoes !
Como já falei sempre fui animada,
e já que chegamos até aqui que tal Bertioga ?
Continuamos pedalando sem nenhum problema !
Chegamos em Bertioga por volta do meio-dia !
Foi aí que ligamos para a Bernadete para avisar a tia !Olha que responsabilidade!!!!
Aventura mesmo foi daí pra frente !
Todos lembram que a Rio-Santos estava sendo construída e o único caminho era pela praia!
Uau, aquele areião...a Caloi 10!
Eu tava de biquini e uma jaqueta de nylon da OP.(cada lembrança!!!)
Aquilo grudava , mas ....
Eu sou muito animada.....
Bem por volta das quatro da tarde chegamos no final da praia e iamos entrar para a serra.
Além de animada,comojá falei ,sou também muito responsável, não cometo loucura !!!!
Estrategicamente fui pedir infomaçoes em um camping.
"Oi moço quanto tempo falta para chegar na Ilha ?
Que Ilha ?
Ilhabela!!
Ah, falta muito é melhor vcs dormirem aui e segurem amnhã."
Como sou muito responsável, resolvemos voltar.
Iniciamos nossa volta, já meio cansados....
Mas... vcs'já sabem...aquela animaçao...
Chegamos no Guarujá ,na praia da enseada e demos de cara com um super tobogã de água !!!!
Paramos para brincar um pouco, afinal ninguémé de ferro!!!!
Aí que a coisa pegou...
A musculatura esfriou e endureceu.
O pior trageto foi da enseada para a balsa ! Parecia que não chegava nunca....
Na balsa a coisa ficou muito pior.Aquele vento, a fome e o "prego".
Nào sei como chegamos em casa, mas quando fomos nos aproximando vimos aquela confusão toda na porta do predio, vi meu pai e pensei...
"puxa que cisa o que ele esta'fazendo aqui...
O resto a Paola já contou...
Eu só não apanhei do meu pai pq a visinha se colocou nafrente!!!!
Ah, muito bom !!!
Ficou uma frustraçao...
Eu sempre quiz de fato dar esta pedalada até a Ilhabela !
Obrigada e muitos beijos,
Carla.
Estou pensando...vamos escrever nossas lembrancas em dupla?
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