domingo, 4 de setembro de 2011

(Des) Mobilização

Talvez devesse usar a Chata-de-Galochas, ou quem sabe contar como se fosse um caso da Adelaide, mas não pensei nisso antes...
Os moradores do Morumbi se cansaram de tanta violência, de assaltos ao cair da tarde, de arrastões no congestionamento, de todo tipo de violência, além é claro de serem alvo de chacotas e ideias preconceituosas por parte do restante da população da cidade, do país. Como se só aqui houvessem pessoas com condição financeira favorável, como se só aqui as pessoas andassem em carros bonitos, gostassem de celulares bacanas.... A casa de vidro projetada pela Lina Bo Bardi fica aqui, e a casa do Estevão Conceição, o Gaudí brasileiro, também, lá no meio da Paraisópolis, além da casa feita de garrafas pet de Antenor Feitosa.
Imagina-se que o Morumbi seja um bairro nobre da cidade, em parte verdade, mas a nobreza do bairro esbarra na terceira maior favaela da cidade, a Paraisópolois. Além de outras cinco ou seis espalhadas pelo bairro Jardim Panorama, Real Parque, Vila Praia, Viela da Paz, Jardim Colombo e Nova República.
Os noticiários deveriam se referir ao Morumbi como bairro de muitos contrastes, bairro de crescimento desorganizado esquecido das autoridades, que mesmo sendo um bairro com expansão vertiginosa, não há investimentos para avenidas, viadutos, nem em transporte público, quem mora aqui sabe, vai ficar parado no trânsito, a qualquer hora do dia ou da noite. 
No início era uma fazenda que depois foi loteada, imaginava-se que seria uma área de veraneio, casas de final de semana, a ideia não vingou, muitos terrenos ficaram abandonados. 
Mais tarde, as construtoras descobriram a região, ai veio a especulação imobiliária e que especulação, aqui lançaram condomínios de toda espécie, com apartamentos de 40 metros quadrados, com 50, 60, 70 até 400, quem sabe mais.
O bairro cresceu, e hoje já é possível viver aqui sem precisar cruzar seus limites, há super mercados, (todos) bancos (todos), shoppings, consultórios médicos, hospitais, postos de saúde, escolas, faculdades, clubes desportivos, cabeleireiro, cartório, posto de gasolina, padaria, farmácia, quando digo tudo, é tudo mesmo, oficina mecânica, borracheiro, concessionária e até posto do Controlar.
O tamanho do problema é diretamente proporcional ao número de moradores da região, além dos moradores, somos cerca de 221.500 habitantes, pessoas que passam por aqui para ir e vir afinal quem mora no Campo Limpo em Itapecerica da Serra, Tabõao da Serra, passa por aqui para chegar no centro, além das  pessoas que vem trabalhar no bairro.
Como as pessoas estão assustadas organizou-se um grupo que logo conseguiu mobilizar mais de 2500 pessoas que foram para a praça, uma manifestação pacífica, que gerou uma mudança, a polícia está se fazendo mais presente.
O grupo continua se comunicando via rede social, eis que depois de uma semana a s coisas degringolaram, há conflito de interesses, são mais de 4000 participantes, cada um querendo puxar brasa  para a sua sardinha e os desencontros acontecem.
Eu fiz um comentário sobre um acidente de trânsito, até coloquei uma foto, só para ilustrar,  ai alguém  resolveu dizer que o grupo está perdendo o foco. Outras discussões mais bizarras aconteceram.
Resolvi então me abster de dar  minhas opiniões, são muito polêmicas, alguém disse que no bairro as pessoas são mal-educadas! Ô caminho fácil! As pessoas são mal-educadas de forma geral, no clube há pessoas muito mal-educadas, no ônibus, no banco, na fila do super mercado, em qualquer lugar, isso é característica do nosso tempo. 
Fiquei com vontade de fazer uma pergunta, mas tive medo, queria saber se todo mundo respeita todas as regras do trânsito, se todo mundo fala bom-dia para o vizinho, claro que não!
Eu que moro nesse bairro há 35 anos fico assustada com tantas ideias equivocadas, juro que vou me controlar e não vou responder a todas as postagens com toda sinceridade e para completar, acho que acabo sendo enxotada do grupo, concordo com um dos participantes que disse que ali não é lugar de discutir casos particulares como multas recebidas por desrespeito às leis de trânsito.
O caso é que ainda temos muito que aprender no sentido da luta pelos interesses da maioria, nos falta   experiência  democrática, nosso pensamento ainda passa muito pelo individual, antes do coletivo...

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