quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Flor de Asfalto

Se eu morasse no mato, se me chamasse Caipora Régia, saberia olhando para o chão, reconhecer as pegadas de cada um dos bichos, saberia sentir o vento e reconhecera natureza.
Eu moro na cidade, num bairro que era um mato só, quando viemos para cá, passava boi, passava boiada no meio da rua.
A minha não existia na sua mais completa tradução, ela vinha da avenida Francisco Morato e acabava na entrada do meu condomínio, a rua virava pirambeira, lá no alto do morro ela voltava a existir e seguia até a av. Giovani Groonchi, lá perto de onde hoje está o Jardim Sul.
O tempo passou e a Prefeitura resolveu terminar a rua, juntou os pedaços, e nem se preocupou em organizar a numeração, então, por aqui, é um salve-se quem puder.
Aqui é um exemplo completo de "crescimento desordenado, desorganizado."
O bairro cresceu e essa rua se tornou movimentada, transformaram a via em mão única, complicou um pouco a vida de todos, mas tudo se ajeitou, depois vieram outras mudanças e para andar por aqui é preciso ter muita paciência, quando você acha que está indo, de repente você está voltando e retorno, tem não!
Já estávamos nos acostumando, inclusive com o posto da "Puliça" que fica aqui de frente, com os quardinhas e suas canetas nervosas, eles adoram multar os moradores, afinal nosso portão fica na esquina e sair daqui se transformou numa aventura, cada morador desenvolveu uma técnica, afinal nossa saída fica entre a faixa de pedestre e a rua transversal!
Uma bagunça, todo mundo já percebeu que alguma coisa precisa ser feita, claro que qualquer morador da região diria, basta mudar o lugar do semáforo... mas estamos falando da CET, da Sub Prefeitura, estamos falando do famigerado órgão público, que na dúvida complica, resolve todos os problemas gastando mais dinheiro.
Em se tratando da nossa entrada eles resolveram fazer uma obra, como eu sei?
Sabendo, eu sou Flor de asfalto, leio os indícios, o pessoal das obras públicas já deu o ar da graça, riscaram o meio da rua, fizeram o desenho de um "balão", bem na frente do nosso portão, vai ficar incrível, para sair do bairro, antes a gente vai ter que dar uma volta no quarteirão, no pior quarteirão, mo mais movimentado e estressante quarteirão, aliás vai ficar muito pior!
Acho muito interessante a presteza que os órgãos públicos tem de complicar a vida do cidadão, com obras paliativas, quase cosmética.
Numa comparação bem mulherzinha, essa bairro não precisa de maquilagem, não, esse bairro precisa de uma plástica completa, barriga,busto, bunda, culote, papada, contorno do rosto.
Apesar das notícias, o estádio é o menor de nossos problemas, a solução verdadeira passa pela urbanização das favelas, principalmente da Paraisópolis e com construção de rede de esgoto, energia elétrica, educação, transporte e todo o resto, e não pensem que apenas as ação das ONGs é suficiente para a solução dos problemas, a abertura do mini anel viário que nos leve até a Marginal.
Então já estou imaginando a chateação que vai ser para sair e entrar em casa!

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