quinta-feira, 29 de julho de 2010

No Museu

Semana passada fui dar uma volta no museu.
Não era o MASP, o MAM, ou o MIS, mas é um museu público, o Paço das Artes, em plena Cidade Universitária, rodeado de verde e conhecimento de todos os lados, um espaço amplo e bem planejado.
Foi a primeira vez que eu fui até lá, que decepção, mas que decepção.
Eu não sou crítica de arte, nem acompanho os movimentos artísticos de perto, apenas gosto da experiência apreciativa, fique bem claro, apenas observo, sinto e às vezes penso.
É preciso lembrar da minha vivência em sala de aula, fui professora durante duas décadas, dando aulas para crianças das primeiras séries do Ensino Fundamental e Educação Infantil. Houve um tempo que além das aulas de Português, Matemática, Ciências e Estudos Sociais, eu também atacava no Ateliêr, naquele tempo, quem dava aula de Artes era a professora, portanto, tenho uma intimidade com materiais e técnicas usadas para introduzir o fazer artístico com crianças, adquiridas na prática, com a ajuda valiosa de gente do ramo. Não sei se por economia ou filosofia, naquela escola, polivalência foi levada muito à sério.
A única ajuda efetiva era a presença da Jô e da Elza na sala de artes, as auxiliares da sala, quantas vezes não pedi socorro a elas.
Além das propostas oficiais, eu também me metia em tudo que era opcional, como a pintura de um Outdoor, praticamente uma odisséia, descobrimos, no meio do caminho que a aventura era muito maior que nossa imensa ingenuidade poderia supor!
O caso é que eu sai de lá do museu bem decepcionada, há coisas bem bacanas, mas essas acabaram ficando em segundo plano, mesmo sabendo que a intenção da exposição era mostrar o processo e não exatamente o resultado, foi frustrante.
A arte anda mesmo muito moderna, os artistas lançam mão da tecnologia disponível para alcançar o resultado esperado, e isso é bom, usam o PhotoShop, corte a laser, não vejo problema, a questão é que o visitante tem o direito de ser informado sobre as técnicas usadas.
Estão expostas telas, desenhos, instalações, montagens, colagens, desenho feito com carvão.
Há obras expostas que não é possível identificar como foi feita, não há nenhuma referência, se é óleo sobre tela, se é colagem, por isso a avaliação fica prejudicada.
Nem estou preocupada com a estética, se é bonito ou feio, mas muitas das coisas ali que não me disseram nada, absolutamente nada.
Há uma série de quadros da Ana Elisa Egreja bem interessantes, ricos em detalhes, cheios de padrões e texturas, interessante, no entanto, fui saber, somente quando vim pesquisar na internet, que não são pinturas exatamente, ela lança mão de muita tecnologia... frustrante é não ser avisada disso durante a visitação.
Foram outros trabalhos que me chamaram a tenção, fiquei bastante incomodada, afinal nos meus vinte anos de magistério fui a rainha da sucata, propus um milhão e meio de trabalhos com reutilização de materiais, dos mais minimalistas aos grandes projetos, adquiri, na prática habilidade suficiente para juntar e dar acabamento a qualquer tipo de material, meus alunos fizeram maquetes, instalações e miniaturas, mais de uma vez, megalomaníaca que sou, construimos maquetes gigantescas.
Não foi a primeira vez, já vi em outras mostras obras semelhantes, no entanto dessa vez a coisa extrapolou!
Alguém, que deve ter se casado recentemente, juntou tudo que foi caixa de geladeira, fogão, televisão e montou uma coisa meio cabana, meio amontoado mesmo, juro não entendi! E não é só isso, não! Outro resolveu montar uma figura meio futurista, quase humana e tascou-lhe uma cabeça de HelloKit, e pronto!
Eu não gosto desse tipo de exposição, tenho a sensação que estão querendo questionar minha inteligência, ainda mais num espaço público!
Se a intenção é divulgar a arte comtemporânea que se faça com critério!
Uma construção de papelão, assim, com um monte de fita crepe aparecendo, não é arte, não é!
Aliás devo confessar, já vi exposições em escolas de criança, bem mais legais!
Pronto, falei!

Nenhum comentário: