sexta-feira, 21 de agosto de 2009

....e por falar de vocês




Sobre o outro post, a Milena e a Mariana escreveram comentários que me emocionaram, a Carol escreveu, no Orkut, uma outra declaração de amor.
Ao escrever esse post sobre minha vida pregressa muita coisa veio renascendo lá de dentro (não, não é nada escatológico, calma!). Os comentários serviram apenas para aquecer mais ainda esse turbilhão de ideias.
Ele, você e eu somos resultado de todas as nossas experiências, eu sou resultado de uma série de experiências, vividas, sentidas, mesmo pessoas com vivências idênticas se transformam de maneiras diferentes, uma experiência boa para mim é para o outro, sinônimo de tortura.
Minha escolha profissional é resultado de muitas experiências escolares frustrantes, de dificuldades intransponíveis eternas, muitos de meus professores insistiam na minha dificuldade em aprender, eu não estava dentro dos padrões, a única coisa que eles sabiam de mim é que eu não era boa aluna, para ter uma idéia da inconcruência da minha vida escolar no ano em que repeti em Física, Matemática e Quimíca, minha média final em Literatura foi o equivalente a 9.5, mas isso é um detalhe sem importância, que ninguém na escola levou em consideração, minha média 8.0 em Biologia e algo assim em História e Geografia, também não foram analisadas , o veredito final foi um só, bomba!
Apesar de minhas pendengas escolares, nunca tive muita dúvida, eu sabia que queria ser professora, mas professora formada na Universidade, não aquela baixaria de Magistério, onde as meninas tinham que entregar uma pasta de data comemorativa para a professora de Didática ( cheia de desenhos mimeografados e coloridos com hidrográficas e purpurina, coisa mais bantiguada, impossível), eu queria mais, eu queria saber como as crianças aprendem, eu queria saber como fazer uma criança se interessar por assuntos tão sem sentido que o sistema escolar insiste em manter no currículo à despeito de toda evolução da sociedade das relações humanas, estou encurtando a história, afinal entrei na Pedagogia em 83, mas já naquela época havia uma indiossicrasia pungente nas escolas e nos currículos em geral.
Minha curiosidade sempre girou em torno da seguinte questão se um professor dá aula para trinta alunos e vinte e cinco não entende bulhufas do que o "mestre" está falando o "pobrema" é mesmo dos vinte e cinco alunos ou o professor precisa rever seus conceitos?
Por isso fiz Pedagogia, foi quando me descobri uma boa aluna, alguém com capacidade, onde minha capacidade nunca foi questionada, por meu empenho fui reconhecida, me formei Coordenadora Pedagógica e professora de Didática, História da Educação, Psicologia da Educação por isso resolvi que queria ser professora, primeiro, como meu diploma me permitia, do curso de Magistério, depois percebi que meu negócio era outro, eu queria estar bem perto das crianças, ser Coordenadora Pedagógia só podia ser futuro, o presente estava na sala de aula, por isso fui ser professora primária, normalmente a Pedagoga não podia ser professora primária, mas como estudei na PUC, e eu tinha um milhão e meio de horas de aula de Metodologia de Ensino de Iº Grau e de estágio, fui autorizada a lecionar.
E é ai que a coisa toda começa, na minha vivência de sala de aula descobri que a diferença é fundamental na vida de um escola, a escola só se faz pela diferença pela indivuidualidade e a equação se completa.
Apesar de toda a maluquice do currículo oficial, encontrar conteúdos significativos sempre foi um grande desafio, transformar a aprendizagem em experiência prazerosa, deveriam ser parte das preocupações dos professores.
Tive muitos alunos e alunas, cada um com sua história, com sua característica, uns mais espertos ou atentos, outros mais sensíveis ou introspectivos, mas todos muito especiais.
Vira e mexe encontro um aqui, outro ali, tem quem me mande recados no Orkut, tem aluno advogado, médico, arquiteto, engnheiro, marketeiro, químico, professor, estarei realizada se souber que são felizes!
Continuo questionando o sistema escolar, vivemos num mundo tecnológico e a escola em geral continua presa ao giz e a lousa, os especialistas ainda engatinham nas tentativas de interdisciplinaridade, juntar Português com História, isso é simplório demais! As crianças tem acesso à informação, fazem esportes, conhecem muita coisa e o professor de Física continua com o dedo sujo de giz para explicar o quê é uma alavanca? Alguém já pensou em usar os esportes para explicar a Física? Alguém já percebeu que as crianças pensam? Elas tem opiniões e sabem muita coisa?
Esse modelo de sala de aula, com visão panorâmica para a nuca do amigo, é muito antiga, fora de moda.
O fato de ser lembrada, com tanto carinho, me enche de alegria, e alguma coisa muito especial aconteceu mesmo entre todos nós, pois eu também lembro com muito carinho de todos os meus alunos! Impossível? Que nada, eu passei pelo menos um ano com cada classe, tempo suficiente para ter uma quantidade de experiências significativas com cada uma.
Fico muito orgulhosa de cada um deles!

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