segunda-feira, 22 de junho de 2009

Arrecadando conta-gotas

Essa é mais uma das histórias da minha adolescência, como eu já contei fiz parte de um movimento de jovens, éramos engajados, atentos, entusiasmados e bem dispostos.
Uma atividade de cunho social da qual éramos incentivados a participar era uma ação de saneamento básico na comunidade pobre nas proximidades do colégio que nos sediava. A hoje, conhecida Paraisópolis, que apesar de estar muito mais organizada que naquele tempo, às vezes, ainda aparece nos noticiários policiais da cidade.
Nos sábados de manhã, no distante ano de 1979, um grupo enorme de jovens bem informados, saia em direção à Paraisópolis, que naquele tempo, assim como é até hoje, não contava com serviço de água e esgoto, a água vinha de poços que ficavam muito próximos das fossas de algumas casas, pois a maioria tinha mesmo o esgoto a céu aberto.
Com informações obtidas no posto de saúde, que naquele tempo ainda não era administrado pelo Hospital Albert Einstein, soubemos que muitas crianças estavam tendo desinteria e desidratação, pelo consumo de água contaminada.
A ideia, muito simples, era ir até lá , levando cloro e ensinar os moradores a clorar a água. No meio de nossa nobre missão descobrimos que , muitas famílias não tinham a colheres suficientes em casa, sendo assim, não poderiam dispor de tal apetrecho para apenas lidar com o cloro.
Foi assim que inventamos uma campanha de arrecadação de conta-gotas, a ideia mostrou-se genial, arrecadamos um monte deles, afinal o tal conta-gotas era apropriado para o tal uso, sem problemas de super dosagem, sem problemas com uso inadequado.
Sentimos necessidade de explicar melhor nossa campanha, então, um dia por semana, alguns de nós, íamos até a escola para dar uma aulas sobre cuidados com a água para as crianças.
Naquele tempo, esse bairro era o conhecido "onde-judas-perdeu-as-botas", durante a semana, só os estudantes do colégio e eu que, tenho certeza, era a única que morava nas redondezas.
Algumas vezes fomos até a escola da comunidade, inventamos atividades, fizemos experiências. No fim, aprendemos muito mais que ensinamos, chegamos muito perto de uma realidade que não conhecíamos, aprendemos a conviver e a respeitar as diferenças, posso afirmar, sem sombra de dúvida, quem viveu qualquer uma desses momentos, cresceu mais sensível às diferenças tão visíveis ness nossa realidade.
E assim foi, e mais uma das minhas lembranças bateram as asas para dentro do blog!

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