Curiosamente desde que a Doris Lessing ganhou o Nobel (2007), li além do "Canção na Relva", "Feras de Lugar Nenhum" do nigeriano Uzodinma Iweala, "Desonra" do sul-africano JM Coetzee, "Terra Sonâmbula" do moçambicano Mia Couto e agora "Infiel" da somali Ayaan Hirsi Ali.
Se você, assim como eu, não sabe nada sobre a Africa, esses são livros ilustrativos, sob todos os pontos de vista. O olhar de um povo esquecido, abandonado, vítimas guerras civis, de governos corruptos, onde o suborno é prática corriqueira e a vida não tem valor.
Cada um sob uma ótica, um recorte, um complementa o outro.Em "Infiel", o relato de costumes de um povo ainda acredita que a mulher não tem condição de dar rumo à própria vida, ainda acreditam que a tutela masculina é essencial à vida da mulher. Onde a vontade, os desejos e os sentimentos das mulheres são ignorados.
Mulheres são mutiladas em nome de Deus, mulheres são espancadas em nome de Deus, mulheres são examinadas para verificar a virgindade, antes de serem entregues em casamentos arranjados pelos próprios pais.
Ayaan Hirsi, foi contra a vontade de sua família e escolheu um destino diferente, agora está jurada de morte, mas não se curvou à autoridade da família do clã, descobriu que nem todas as tradições tão defendidas por puristas, fundamentalistas, são necessariamente benéficas, muitas servem para a manutenção de um estado de coisas de supressão de liberdae individual, submissão, principalmente contra crianças e mulheres.
3 comentários:
O que será que aconteceu com o continente africano para sofrer tanto....???!!!
Boas recomendações, Paola. Aquí mesmo, onde há muitos imigrantes de diferentes nações da África, frequentemente são denunciados casos de mutilações de mulheres à Polícia local. Estas, ainda são tuteladas por encontrar-se fora de seus territórios, mas quantos milhares ainda sao escravas de crenças, hábitos e tradições, de cuja obediência, dependem para sobreviver...
Infiel é um livro maravilhoso e Ayaan é um exemplo de força de vontade. Acho que ela, que teve acesso aos dois mundos, é uma voz muito equilibrada para falar sobre o islamismo.
Pena que a Holanda, que dava tantas oportunidades aos exilados, esteja endurecendo mais e mais as suas leis. Estamos rebolando para conseguir a dupla nacionalidade de Mariana, que é filha e neta de holandês.
Beijos.
Postar um comentário