quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Expurgar



Tudo começou com uma observação, minha e bem atual, sobre a distribuição indiscriminada de medicamentos. Imaginava poder mostrar que essa prática, dependendo da época, apresentava uma nova doença no mercado.
Conforme fui escrevendo, antigos fantasmas foram surgindo, e eu me deparei com a minha própria experiência, que nem me lembrava direito, tentei sozinha lidar com as possibilidades, não fui capaz, fui conversar com minha mãe, foi mais interessante, ainda.
Voltando no tempo, era década de 70, tudo estava muito diferente, do quê havia sido até aquele momento, o mundo já era outro.
Minha mãe, moderna, havia estudado, fazia terapia, em sua percepção, e claro, sob orientação da escola, deveria nos levar aos especialistas competentes.
Eu sofria de uma maldita enxaqueca, que aparecia nos momentos mais inadequados possíveis, uma sensação inexplicável, uma dor insuportável e ainda havia os que não acreditavam (criança não tem dor -de-cabeça, vai ver que é por isso que sou tão pavio-curto). Meu irmão, era o conhecido espalha-brasa.
Era uso, a prescrição dessas drogas, eu continuei tendo essas enxaquecas até ficar grávida. Meu irmão tomou o tal remédio e ficou pasmo durante um tempo. Não sei se mudou, ele é agitadão, até hoje.
Precisei conversar com minha mãe sobre essa história, até para entender essa sensação.
A medicina se desenvolveu, hoje cura, efetivamente muitas doenças, há diagnósticos que podem evitar muitos males. Há médicos maravilhosos, descobrem curas, tratamentos que salvam vidas.
Minha insistência é, há aqueles (médicos e pacientes) que preferem o caminho mais curto, um remédio como salvação.
Minha bandeira é pela conscientizacão, auto-conhecimento, e prescrição com parcimônia de receitas médicas.
A cura está em nós, somos nosso melhor remédio, antes de procurar uma substãncia miraculosa, temos que encontrar, em nós a cura. Incrível, mas foi isso que aprendi com a enxaqueca , aprendi a lidar com a dor.
Mais tarde, sei que fui a salvação de algumas crianças, que como eu, tinham a tal da enxaqueca e ninguém acreditava.
Só estou expurgando.

Um comentário:

Cristina Sampaio disse...

Às vezes basta isso pra se livrar de uma dor, de uma doença: falar sobre o que sente. Os próprios médicos não gostam de tratar as doenças psicossomáticas, e não estou dizendo que sua enxaqueca foi um desses casos.
Um comportamento agitado às vezes é só uma característica da pessoa, não uma doença, assim como uma timidez pode ser apenas uma atitude reservada, ou retraída, não um distúrbio a ser tratado.
Muito boa a sua reflexão, as pessoas devem questionar sim.
Beijos