sábado, 5 de março de 2011

Outra crise de Matilde

Adelaide, não gosto de sirigaita oferecida. Se estiver se oferecendo para o lado do Lorival, está perdida, nem sei do que sou capaz, viu?
Imagine só, Adelaide, fomos tomar um chopp, comer uns pastéis, num boteco lá na cidade, dizem que o samba de lá é bom, logo notei que o lugar estava cheio de avulsas, eu não ligo, cada um na sua, de repente, aparece uma fulana exibida que só, veio pedir um cigarro para o Lorival, ele deu, ela pediu fogo, ele ofereceu o isqueiro, você sabe, né, Adelaide, ele acende o cigarro de todo mundo, ele não deixa o isqueiro de estimação dele na mão de ninguém, a periguete segurou a mão dele, toda cheia de dengo, ai que raiva, Adelaide, eu olhei feio, ela deu um risinho malicioso e ainda soltou um "depois a gente se vê, bonitão", depois a gente se vê? ai, Adelaide, o sangue subiu, todo chopp que estava no meu copo foi parar na cara da metida, ela ficou toda molhada e fedida, o Lorival ficou pasmo!
Não, Adelaide eu não sou ciumenta, não, nem paranóica, imagine Adelaide, eu sou tão equilibrada!
Ciúme é doença? Eu não sou doente, não! Aliás, eu li, uma vez que o remédio para o ciúme é a positividade, você diz que homem não gosta de mulher que se faz de vítima, não é Adelaide? Você acha que jogar o chopp na cara da fulana foi sinal de posivitidade? Como não, Adelaide?
Adelaide, eu não sou ciumenta, sou cuidadosa, imagine, deixar o Lorival ter perfil no Facebook?
Vou deixar meu marido dando sopa? Tem muita mulher oferecida nessas redes sociais, vou deixar ele se expôr na rede? Tá louca?
Como exagerada, Adelaide? Só por eu ter conferido a conta do celular e ligado para aquele número que eu não conhecia? Claro que era esquisito, foram feitas várias ligações para aquele número em poucos dias, só queria conferir! Eu sei, eu sei, Adelaide, eu não deveria ter ligado e xingado a dona do telefone! O pior foi ela ter reconhecido minha voz! Eu sei, Adelaide era o número da minha médica, eu que tinha ligado para ela, naquela época eu não tinha celular!
Adelaide, você sabe, Adelaide, eu me controlo! Eu não gosto de me fazer de louca! Vou me controlar, Adelaide!
Você acha que eu tenho que parar de abrir a correspondência dele, Adelaide?
Claro que confio, de olhos fechados, eu não confio é na mulherada, um homem bonitão como o Lorival, tenho que marcar presença!
Você acha mesmo, Adelaide? Delirando? Doença? Você acha, Adelaide, que homem nenhum gosta de marcação cerrada? O Lorival também não? Você acha, Adelaide? Você acha que eu devo conversar com ele? Pergunatr se ele gosta?
Obrigada, Adelaide! Eu gosto de ouvir seus conselhos! Tá bom! Depois eu te ligo, beijo.

6 comentários:

Dinorah disse...

Este negócio de mulher oferecida é um mal que se corta pela raiz. Bem feito para a pirigueti.
Um abraço

Maria disse...

Matilde vai gostar que vc apoiou a idéia!
Bj!
PAola

O meu pensamento viaja disse...

Paola, obrigada por me ter visitado e aprovado.
A "sua" conversa com Adelaide está hilariante. É uma caricatura perfeita das relações homem/mulher, das nossas in- seguranças e medos, dos momentos de ira que aliviam as tensões. Gostei muito, muito.
É um estilo de prosa que sempre me seduziu, são flashes da realidade, instantâneos em que o narrador não precisa de inven.
tar nada.
Será para mim um privilégio ser sua seguidora.
Beijos, Nina

Paola disse...

Nina,

Obrigada!
Escrever, para mim é um desafio, descobri posso fazer sátira de assuntos sérios, assim é possível tocar em assuntos delicados sem machucar ninguém!
Seja bem-vinda!
Bj
PAola

O meu pensamento viaja disse...

Querida Paola ( adoro o seu nome ...) Fiquei "com a pulga atrás da orelha" com essa Dieta de Adelaide.
Não demore em postar.
Beijos, Nina

Paola disse...

Nina,
Também adoro o seu nome!
Agora eu também gosto do meu... mas nem sempre foi assim!
A dieta da Adelaide já saiu... mas ainda não está esgotado, esse assunto é vasto demais!
bj
PAola