domingo, 9 de janeiro de 2011

O morro dos ventos uivantes

Desde de sempre, um traço marcante no lugar onde mora minha mãe é a força do vento. Há uma conjunção de fatores, o tamanho e quantidade de janelas, o peso das portas e o vasto horizonte que se abre livre, não há nada que possa amenizar as rajadas frequentes.
Eu sou vizinha da minha mãe, mas aqui o vento não uiva.
Sempre foi assim, quando vem um vento mais forte, as portas batem, e ouve-se várias portas batendo, de diversos andares, às vezes, a força do vento é tal que há quem enjoe com tanta turbulência.
Outra curiosidade desses apartamentos é que as maçanetas são dotadas de travas fixas, é só virar o "botão" e a porta tranca, é prático mas ninguém pode se descuidar, às vezes o vento bate a porta e a chavinha está virada e pronto! A porta tranca. Claro que é só ter a chave reserva guardada em um lugar conhecido que não existe problema!
Acontece que lá em casa, o tal molho com todas as chaves nunca estava no lugar certo, às vezes estava trancado do lado de dentro da porta, outras estava tão bem guardado que ninguém encontrava, quando encontrava a única chave que não estava com todas as outras era a chave da tal porta.
Colecionamos histórias de arrombamentos cinematográficos, com gente para dentro, com gente para fora, com gente dormindo, as diversas soluções quase sempre envolveram medidas extremas com descarte do que restou da porta.
Outro dia, num dia de semana, minha sobrinha esteve na casa da minha mãe e o vento deu uma "bufada", surpresa a porta bateu! Outra surpresa, trancou! Minha mãe, toda espertinha ligou para o porteiro, ele subiu com uma radiografia na mão, em dois segundos ele abriu a porta! Ai, se nós soubéssemos desse truque!
Hoje, ao chegar lá minha mãe contou que a porta de um dos quartos estava trancada, e por alguma razão, que eu não entendi, chamariam o porteiro só amanhã.
Eu contei para o meu pai que eu tinha visto o porteiro abrir a porta com a radiografia, pois sei que ele com um pouco de "know-how" é capaz de fazer coisas incríveis, então ele procurou uma radiografia, não havia nenhuma a disposição, vai ver estivessem trancadas, pegou um plástico grosso, e nada, ofereci um cartão de crédito, afinal, qualquer detetive de Hollywood abre portas com cartões, quem sabe, ele tentou, tentou e nada.
Ele desistiu, chamaria o porteiro, amanhã... fiquei desiludida, afinal sempre julguei que nada seria impossível para o meu pai, peguei o cartão para ver como aquilo poderia funcionar.
Encaixei, sem dó, o cartão na fresta da porta, meu pai tinha dito que o cartão tinha que "fazer a curva" e empurrar a lingueta, eu fiz a curva com o cartão e puxei o cartão para baixo até alcançar a lingueta, conforme a explicação do meu pai.."tchanan!" Como num passe de mágica a porta se abriu!
Que sensação interessante! Eu só estava vendo como a coisa funcionava, jamais imaginei conseguir!
Quanta coisa deixamos de fazer, ou pelo menos tentar, por se supor incapaz?
Fica ai uma lição - Antes de desistir, pelo menos experimentar!

2 comentários:

Dinorah disse...

É isto aí! Você está parecida com o Magaiver - como será que se escreve? Que bom que aprendeu e está ensinando este truque! Aliás, sempre que vou morar em algum lugar que tenha este tipo de porta - aquelas que o trinco é duro e só abre pelo lado de dentro, mando trocar. Já passei por situação muito embaroçosa por causa destas benditas portas.

Paola disse...

Ahahahaha!
Tá vendo, a blogosfera tb é cultura!
Agora vc já sabe como se safar!