Estátua de bronze em homenagem a Alice através do Espelho, de Lewis Carroll, Guildford Castle (UK)
Quando comecei a escrever esse blog, achava possível escrever sem me comprometer, mas descobri que até minha visão sobre as aventuras de meu avô, ou minhas lembranças sobre o sabor dos capeletis que minha avó cozinhava no Natal, não são isentas. Tantas vezes, tentei, aqui descrever sentimentos, desejos, sonhos e objetivos mantendo uma distância minimamente segura, na verdade nunca consegui.
Achei, muitas vezes, que havia encontrado uma era maneira confortável de fazer as coisas funcionarem sem muitos traumas, mas nem num blog é possível se manter isenta, afinal, como qualquer intrumento, funciona como um espelho, uma imagem daquilo que seu dono é, procurando bem, num blog pessoal é possível descrever muito da personalidade, das maneiras do seu autor, sem que ele fale de si.
Outro dia, fiquei com muita vontade de escrever sobre meus sentimentos naquele momento, no entanto não encontrei uma forma isenta de pensar no tal assunto, queria desabafar, mas desabafar como sem se expor? Dizer: "minha amiga está se sentindo assim por ter acontecido tal coisa?".
O caso em si é tão corriqueiro quanto desagradável que já nem quero pensar no assunto, mas quero pensar nas relações, que são construídas no tempo, a partir das experiências, dos entendimentos individuais, como cada um interpreta e age sobre suas próprias experiências. Ao longo desse meu tempo de vida já pude perceber que tudo que acontece numa relação pessoal é resultado de uma equação, às vezes complicada e sutil entre os envolvidos, pais e filhos, casais ou amigos, ninguém pode requer inocência completa, ou culpa total, acho que as relações são pautadas pela parcialidade de responsabilidade. Muito das atitudes de um, são fruto e consequência, das atitudes do outro. Se fosse possível as relações poderiam ser bem descritas por equações comportamentais. Como não sou especialista nessas coisas fico aqui querendo explicar algo muito complexo para minha santa ignorância.
Aliás, ignorância que detesto assumir, apesar de ser uma leitora voraz, há lacunas incríveis em meu repertório, principalmente no que concerne aos clássicos, nunca consegui passar para a página três do "Em busca do tempo perdido" do Marcel Proust, por exemplo, tenho preconceito com os russos, apesar de ter adorado "A morte de Ivan Ilich" de Toltoi, mas sempre é tempo de evoluir.
Ao ler os livros do Saramago, sempre tive a sensação que ele, no fundo escreve uma história só, que se procurar bem pelo Tertuliano Máximo Afonso, ele deve estar em outros livros além do Homem Duplicado, isso é provável e não é inédito, comecei a ler "Estudos de mulher" do Balzac, precisei abstrair as notas de rodapé, não há personagem que não seja figurinha carimbada em pelo menos outro livro do autor.
O fato é que não somos personagens de um romance, não podemos esperar que um autor, um criador onipotente, tome nossa vida pela mão e resolva os conflitos, escreva um "viveram felizes para sempre" e nos devolva sem nenhum resquício de conflito.
Descobri algo sobre mim que me deixou bastante surpresa, em alguns momentos, tenho a tendência de tapar o sol com a peneira, prefiro achar que tudo vai acabar bem, às vezes, quando a vaca vai pro brejo, percebo o quanto poderia ser mais pratica, mas como eu não sou, sempre espero a próxima vez, quem sabe ...
Achei, muitas vezes, que havia encontrado uma era maneira confortável de fazer as coisas funcionarem sem muitos traumas, mas nem num blog é possível se manter isenta, afinal, como qualquer intrumento, funciona como um espelho, uma imagem daquilo que seu dono é, procurando bem, num blog pessoal é possível descrever muito da personalidade, das maneiras do seu autor, sem que ele fale de si.
Outro dia, fiquei com muita vontade de escrever sobre meus sentimentos naquele momento, no entanto não encontrei uma forma isenta de pensar no tal assunto, queria desabafar, mas desabafar como sem se expor? Dizer: "minha amiga está se sentindo assim por ter acontecido tal coisa?".
O caso em si é tão corriqueiro quanto desagradável que já nem quero pensar no assunto, mas quero pensar nas relações, que são construídas no tempo, a partir das experiências, dos entendimentos individuais, como cada um interpreta e age sobre suas próprias experiências. Ao longo desse meu tempo de vida já pude perceber que tudo que acontece numa relação pessoal é resultado de uma equação, às vezes complicada e sutil entre os envolvidos, pais e filhos, casais ou amigos, ninguém pode requer inocência completa, ou culpa total, acho que as relações são pautadas pela parcialidade de responsabilidade. Muito das atitudes de um, são fruto e consequência, das atitudes do outro. Se fosse possível as relações poderiam ser bem descritas por equações comportamentais. Como não sou especialista nessas coisas fico aqui querendo explicar algo muito complexo para minha santa ignorância.
Aliás, ignorância que detesto assumir, apesar de ser uma leitora voraz, há lacunas incríveis em meu repertório, principalmente no que concerne aos clássicos, nunca consegui passar para a página três do "Em busca do tempo perdido" do Marcel Proust, por exemplo, tenho preconceito com os russos, apesar de ter adorado "A morte de Ivan Ilich" de Toltoi, mas sempre é tempo de evoluir.
Ao ler os livros do Saramago, sempre tive a sensação que ele, no fundo escreve uma história só, que se procurar bem pelo Tertuliano Máximo Afonso, ele deve estar em outros livros além do Homem Duplicado, isso é provável e não é inédito, comecei a ler "Estudos de mulher" do Balzac, precisei abstrair as notas de rodapé, não há personagem que não seja figurinha carimbada em pelo menos outro livro do autor.
O fato é que não somos personagens de um romance, não podemos esperar que um autor, um criador onipotente, tome nossa vida pela mão e resolva os conflitos, escreva um "viveram felizes para sempre" e nos devolva sem nenhum resquício de conflito.
Descobri algo sobre mim que me deixou bastante surpresa, em alguns momentos, tenho a tendência de tapar o sol com a peneira, prefiro achar que tudo vai acabar bem, às vezes, quando a vaca vai pro brejo, percebo o quanto poderia ser mais pratica, mas como eu não sou, sempre espero a próxima vez, quem sabe ...
2 comentários:
Paola,
concordo com tudo o que vc escreveu no post. É verdade, que por mais que tentemos ser "isentas" sendo apenas literária ou relatando lembranças, somos nós que estamos ali através de nossas palavras e sentimentos, por isso, creio eu, que existe a identificação, não é apenas o que está escrito, mas quem escreve, que nos sentir que de alguma maneira, aquela pessoa faz parte de nossa vida, quase como uma conversa real!
Tá meio confuso esse comentário, mas acho que vc me entenderá! rs
Beijos e Feliz 2010!
Patrícia,
Entendi sim.
Afinal é impossível nao se revelar, pelo menos um pouco, né?
Beijo
Obrigada pela visita
Paola
Postar um comentário