quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Eu sou a mãe

Quando um filho nasce, nasce também uma mãe e um pai, todos com a mesma missão, se conhecer e aprender uns com os outros. Ao longo dos anos, todos aprendem coisas, até os pais, que aos poucos, depois de algumas noites sem dormir, começam a entender a linguagem do choro, e até conseguem diferenciar um choro de fome do choro de dor, de frio ou calor, uma arte, que logo se torna desnecessária, quando a criança aprende a falar, as coisas tendem a melhorar, mas a experiência é importante, os pais vão aprendendo a ler outros tipos de chamamentos, às vezes silenciosos.
Ser mãe, estou aqui pensando em mim, no meu papel em relação aos outros, não estou em condições e nem quero pensar no papel dos outros, ser mãe é um papel que se transforma no tempo com muita velocidade, no início o peito resolve tudo, depois com um pouco de conversa e um tanto de firmeza, fica tudo resolvido, enquanto os filhos precisam olhar para cima para falar com os pais, há a chance de manter a ordem pela geografia da estatura, depois, as coisas mudam de figura.
Estar presente, acompanhando o desenvolvimento, as conquistas de cada um, participando, mas numa distância segura, ninguém vai se estatelar de cara no chão, mas uns arranhões, com certeza vão acontecer, não dá para resguardá-los de todas as frustrações, por isso que meu colo está disponível, eles vão crescendo e a função da mãe, além de mudar, vai perdendo o lugar , vai sendo substituído por outras figuras que passam a existir em suas vidas.
Sempre gostei de explicar para meus filhos que família é um sistema como o feudal, tudo pertence aos pais, os susseranos, que destinam espaços e vantagens aos filhos, os vassalos, a relação entre as partes é idêntica em ambos os casos, os vassalos devem amar, respeitar e obedecer aos susseranos que por sua vez devem amar, respeitar e proteger os vassalos. Essa é uma metáfora que quase funciona, aliás funciona mas tem prazo de validade, conforme vão crescendo, os filhos mesmo amando e respeitando os pais, vão querendo experimentar os limites da obediência, querem ter certeza de todos os limites, querem descobrir, onde fica a tal da fronteira final,e sobra ao adulto responsável, manter a palavra, conforme foi combinado, tudo deve ser explícito, para ninguém ter surpresas no final, isso me cansa!
Nesse momento, com filhos já longe da infância, descubro em cada um traços da personalidade que se mantém desde sempre, desde o primeiro choro, outro que foram sendo construídos dia-a-dia, me descubro repetida aqui e ali, percebo, neles características, antes tão próprias do maridão.
Eles são mesmo o resultado de todas as experiências que viveram, eles são o que são, fico orgulhosa deles, eles me completam, juntos vamos evoluindo, todos os dias.
Quando se pegam e brigm, fico transtornada, afinal, sempre fiz de tudo para que os três se amem, se respeitem e se protejam mutuamente, e brigam por quê? Logo em seguida estão, os três enrolados em abraços e as brincadeiras em que só cabem eles mesmos rolam soltas, então fazem parte também os desentendimentos? A mãe nessa hora, além de dar o basta necessário, não pode ficar martelando ladaínhas, o melhor é deixar a tempestade acalmar!
É verdade, eles se cuidam sim, muitas vezes um pega no pé do outro, mas o mais comum é que um resolva tomar as dores do irmão e advogar em sua causa, e como são bons nisso! Se acham que fui injusta, se juntam e se defendem.
Quando eu vivia o outro papel, muitas vezes, questionei meus pais, eu não imaginava quanta coisa se passa na cabeça dos pais, e engraçado é que conforme vão crescendo, muita coisa entra na lista desses pensamentos.

4 comentários:

Pacha Urbano disse...

E me impressiona que tanta gente no mundo de hoje abra mão da experiência maravilhosa da maternidade/paternidade.

Muitas pessoas colocam os filhos no mundo como quem coloca pra fora o saco do lixo, deixando estes seres humanos completamente desamparados de afeto, instrução, preparação emocional diante da vida e educação (entenda aí o respeito às pessoas e ao convívio em sociedade, mais importantes que a educação instrumental que recebemos na escola).

Não sou pai ainda, mas esta experiência está na lista dos sonhos que ainda realizarei.

Um grande abraço.

Chris disse...

Primeiro,amei as fotos!!!!!Como são lindas essas coisinhas!!!!

Sabe, sempre parece que estamos tete a tete quando leio tudo que vc escreve....
Só vc pra expressar pensamentos e sentimentos que trazemos na cabeça e no coração com tanta fidelidade que sempre acho que vc escreve pra mim....
Te admiro MUITO amiga!!!
bjao

Victória disse...

Me vi em tudo!!!!!
Lindo o seu texto, vc tem o dom de traduzir os setimentos e transformá-los em uma agradável leitura!
Bom final de semana,
bjão

Unknown disse...

Lindos seus filhos Paola! Ah proposito, vc ficou mais bonita com o tempo. Reparei que na primeira foto seu rosto tava tao inchado! Hoje está mais bonita. Esbelta!
Mas esse negocio de ser pai/mae não é pra todos nao Sr. Pacha Urbano!!
Nao quero ter filhos nao! Ja me basta os dos outros. hahahhah
Alem disso nao nasci com o dom da paternidade.
Bjos!