Era 1990 e os convênios médicos, em virtude do Plano Collor, haviam cortado as maternidades mais conceituadas de seus planos, a única que eu achava razoável, localizada na Avenida Paulista, naquela tarde estava inassecível, havia uma manifestação de taxistas, tive que ir para uma nada conhecida. Não senti nenhuma dor, descobri que estava na hora, quando comecei a "vazar", tive uma bolsa rota, o médico queria sinais, mas o único sinal era o líquido que escorreu durante quase trinta horas, minha mãe não se conformava, nenhuma dor? Nenhuminha? Nada! Foi pela falta de contrações que acabei entrando na faca, uma experiência indesejada, afinal havia sonhado em ter um parto normal.
A gravidez foi um momento mágico, eu me sentia ótima, enjoo, náusea, azia? De tudo um pouco, mas nada de muito radical, a única coisa insaciável era meu apetite, vai ver foi por isso que engorei aqueles trinta quilos, o médico ficava furioso comigo, dizia que eu ia ter dificuldade em parir, às vezes, percebia que eu nem escutava as broncas, mudava de tática, se fazia de amigo e queria ensinar umas receitas frugais para mim, não era o caso, eu comia por sentir fome, uma fome profunda, e por incrível que pareça, toda vez que eu tentava não comer eu me sentia mal, tonta, quase desmaiava! Eu sei, mais parece caso para terapia que para medicina, eu sei.
Sendo assim, no meio daquela confusão provocada pelo Plano Collor, eu tentando controlar minha ansiedade, além é claro do caso do plano de saúde. Até então era comum ter um plano de saúde para consultas e exames, para o parto, era praxe pagar à parte,comigo não seria diferente.
Quando eu resolvi que iria engravidar fui procurar o tal plano de saúde, encontrei um que além de oferecer a maternidade mais desejada do momento, também era possível diminuir a carência se o plano fosse feito por um grupo de pessoas da mesma empresa, seis? Ofereci a oportunidade para as colegas de trabalho, aceitaram, minha carência diminuiu para onze meses, feitas as contas poderia engravidar entre Outubro e Novembro, mas de qualquer maneira o dinheiro do parto já estava depositado na poupança!
Quando, em Março de 90 anunciaram o despaltério do Plano Collor, pensei em mil e uma formas de arrancar meu rico dinheirinho da poupança, nada foi possível, amargamos com aquele monte de dinheiro bloqueado, o jeito era usar mesmo o plano de saúde. Até os salários foram bloqueados, as empresas aplicavam o dinheiro antes de depositar na conta dos funcionários, a inflação corria solta, era diária!
Todos os brasileiros estavam sem nenhum tostão, portanto não havia parente, amigo ou conhecido a quem recorrer, a carência vencia no dia 26 de Junho, claro que como havia previsto eu havia engravidado no dia 2 de Outubro, o prazo estava apertado, nada podia sair do scripit, nos últimos dias eu pisava de levinho, para evitar surpresas!
No fim da história, a filha-que-já-pode-votar nasceu no dia 5 de Julho, num frio de rachar, chorava muito, e claro que eu não tinha leite suficiente, tadinha, até descobrir sofremos uns dias, tudo se resolveu com um par de mamadeiras.
Essa foi uma época muito tensa, a falta de informações e as suposições divulgadas eram veneno, a cada novo pronunciamento, um frio na espinha corria pelo corpo da nação.
A cada ano, no aniversário dela, o sentimento que me invade é de realização, foi apartir desse momento da minha vida que algumas coias começaram a fazer sentido. Nem sempre vivemos num mar de rosas, nem somos a faméilia dos ursinhos carinhosos, temos nossas crises, mas de todas elas saimos fortalecidos!
O aniversário é dela, mas foi nesse dia que a mãe que existe em mim nasceu, foi nesse dia que a minha família passou a existir de verdade.
A gravidez foi um momento mágico, eu me sentia ótima, enjoo, náusea, azia? De tudo um pouco, mas nada de muito radical, a única coisa insaciável era meu apetite, vai ver foi por isso que engorei aqueles trinta quilos, o médico ficava furioso comigo, dizia que eu ia ter dificuldade em parir, às vezes, percebia que eu nem escutava as broncas, mudava de tática, se fazia de amigo e queria ensinar umas receitas frugais para mim, não era o caso, eu comia por sentir fome, uma fome profunda, e por incrível que pareça, toda vez que eu tentava não comer eu me sentia mal, tonta, quase desmaiava! Eu sei, mais parece caso para terapia que para medicina, eu sei.
Sendo assim, no meio daquela confusão provocada pelo Plano Collor, eu tentando controlar minha ansiedade, além é claro do caso do plano de saúde. Até então era comum ter um plano de saúde para consultas e exames, para o parto, era praxe pagar à parte,comigo não seria diferente.
Quando eu resolvi que iria engravidar fui procurar o tal plano de saúde, encontrei um que além de oferecer a maternidade mais desejada do momento, também era possível diminuir a carência se o plano fosse feito por um grupo de pessoas da mesma empresa, seis? Ofereci a oportunidade para as colegas de trabalho, aceitaram, minha carência diminuiu para onze meses, feitas as contas poderia engravidar entre Outubro e Novembro, mas de qualquer maneira o dinheiro do parto já estava depositado na poupança!
Quando, em Março de 90 anunciaram o despaltério do Plano Collor, pensei em mil e uma formas de arrancar meu rico dinheirinho da poupança, nada foi possível, amargamos com aquele monte de dinheiro bloqueado, o jeito era usar mesmo o plano de saúde. Até os salários foram bloqueados, as empresas aplicavam o dinheiro antes de depositar na conta dos funcionários, a inflação corria solta, era diária!
Todos os brasileiros estavam sem nenhum tostão, portanto não havia parente, amigo ou conhecido a quem recorrer, a carência vencia no dia 26 de Junho, claro que como havia previsto eu havia engravidado no dia 2 de Outubro, o prazo estava apertado, nada podia sair do scripit, nos últimos dias eu pisava de levinho, para evitar surpresas!
No fim da história, a filha-que-já-pode-votar nasceu no dia 5 de Julho, num frio de rachar, chorava muito, e claro que eu não tinha leite suficiente, tadinha, até descobrir sofremos uns dias, tudo se resolveu com um par de mamadeiras.
Essa foi uma época muito tensa, a falta de informações e as suposições divulgadas eram veneno, a cada novo pronunciamento, um frio na espinha corria pelo corpo da nação.
A cada ano, no aniversário dela, o sentimento que me invade é de realização, foi apartir desse momento da minha vida que algumas coias começaram a fazer sentido. Nem sempre vivemos num mar de rosas, nem somos a faméilia dos ursinhos carinhosos, temos nossas crises, mas de todas elas saimos fortalecidos!
O aniversário é dela, mas foi nesse dia que a mãe que existe em mim nasceu, foi nesse dia que a minha família passou a existir de verdade.
2 comentários:
Muito interessante o seu relato, Paola. Praticamente todo mundo que viveu a época do Plano Collor perdeu muito dinheiro e teve sérios problemas (eu particularmente não, porque não tinha nem conta em banco! Por causa da inflação, o que sobrava do meu salário eu trocava por dólares, e assim me livrei do confisco). Mas a gente ouvia falar até em casos de suicídio, de velhinhos que ficaram sem a aposentadoria... Uma desgraça só. Mas esse problemão dos planos de saúde que não cobriam mais gravidez eu não conhecia. Obrigada pelo relato, e feliz aniversário à filha que já pode votar!
Paola...
Parabéns para a filha que já pode votar e está virando estilista!!!!!
Beijo
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