quarta-feira, 20 de maio de 2009

A Palavra do Dia

É uma coisa incrível, as crianças aprendem observando, experimentando, vivendo e ouvindo. Aprendem a mamar, aprendem a comer e até falar. Apesar de algumas maluquices do nosso tempo, não é necessário dar aulas de conversação para as crianças, logo nos primeiros anos de vida, as normais chegam a aprender cinquenta a setenta palavras por dia, sem nenhuma ordem, aprendem aprendendo, em seguida, caso seja necessário, usam.
Apesar de ser doida por crianças, ter facilidade para me entender com elas, não sou mãe ta-ti-bi-tati, enquanto são bebês, as crianças me ouvem falando com a voz engraçadinha que as mãe usam para falar com os bebês, depois, acabou, e meu vocabulário é usado indistintamente, vai dai que meus filhos são três seres muito críticos, e como são, principalmente no que concerne às minhas atitudes, sou vigiada 24 horas por dia.
Nos momentos mais tensos, quando minha língua está mais ativa, saem algumas palavras de veras estranhas, quando eram menores, às vezes, alguém se arriscava a perguntar o significado, essa era a hora que a bronca acabava. Passamos por um tempo que eles achavam que eu inventava as palavras, para confundí-los. Hoje, maiores e mais ácidos eles me dizem, "nossa mamãe, essa é a palavra do dia?" Sinceramente, nesses momentos tenho vontade de defenestrar pelo menos um, os outros talvez escalpelar!
Antigamente, antes dos vídeos, games e cassetes, as viagens de férias eram momentos de grande criatividade, uma brincadeira muito conhecida e apropriada para as tardes e noites chuvosas era o famigerado "Jogo do Dicionário", provavelmente os mais velhos conheçam, uma vez, numa brincadeira dessas, alguém pescou, lá de dentro do dicionário uma palavra que eu achei que jamais em tempo algum usaria por qualquer motivo, mas eis que aparece a oportunidade.
De onde eu estava, vi andando em minha direção duas meninas, incrível, mas as duas com uma postura horrível, nem pareciam pessoas, pareciam outra coisa. Nessa hora saiu: "Como são espandongadas essas meninas!"
Meus filhos cairam na risada, acharam que eu estava variando mesmo, nem liguei, estava muito contente, foi a primeira vez na vida que usei a palavra dentro de uma frase verdadeira! Com sentido... assim como se fosse usual!
Eles pensam que eu não percebo, mas os três, têm um vocabulário variado, muitas palavras que usam, aprenderam por aí, na escola, nos livros, na Discovery Chanel, sei lá, palavras que eu não uso, e às vezes nem sei que significam, um orgulho só!


2 comentários:

LuMa disse...

Paola, se tem algo que admiro muito na educação daquí, é o fato de os adultos conversarem com crianças no vocabulário de adultos. Digo, dirigem-se a elas com assuntos e temas adaptos às suas idades, mas com o vocabulário correto e às vezes complexo, de elevado nível. As crianças aquí são muito, muito infantis, mas o vocabulário supera muitos adultos brasileiros. Elas não desenvolvem vaidades ou interesses sexuais precoces, porque brincam, lêem e se divertem de acordo com a curiosidade que cada idade desperta. E mesmo sendo infantis, interpretam corretamente termos de conotação subjetiva ou objetiva segundo o argumento. Creio que tudo isso se deva aos pais, que conversam continuamente com filhos, desde o bebê.

Anônimo disse...

Só o que eu posso dizer é: Palmas! Se é que isso pode ser escrito, ou apenas feito. Não me arrependo de acompanhar esse blog. Muito bom mesmo, espero próximas postagens. Ah se eu tivesse uma mãe assim...rsrsrs... (que fique subentendido e ambíguo)