quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sobre o poder, os aviões e as motocicletas

Os legisladores têm uma coisa muito interessante, o poder, eles têm poder de legislar, para questões corporativas, eles sempre arrumam um jeito de estar de acordo com as determinações legais, sempre determinadas por eles mesmos, não é preciso sanção de ninguém, eles são soberanos.
Quando o caso é salário, o deles, tem canetada para tudo que é lado, e o salário têm um aumento significativo e fica tudo bem, pra eles.
O caso das passagens aéreas, há que se considerar um clássico. Bem antigamente, acho que na década de 80, os políticos eram mais bem tratados, viajavam de jatinhos, cada um fazia o requerimento e voava, feliz, com sua comitiva, sua champanhe, seu caviar, havia mais intimidade para os representantes do povo. Por razões, quase óbvias, para nós aqui, as regras mudaram e os nobres parlamentares passaram a se locomover em voos de carreira, misturados ao populacho. Sem a champanhe, que saudade, hein?
Cada um deles, recebe uma quantidade de passagens, impossível de ser consumida por uma única pessoa, afinal, já é previsto que serão usadas também pelos acompanhantes.
Existe uma diferença entre a legalidade e a legitimidade. Não é errado distribuir passagem para a parentada, para os amigos, para o delegado da polícia federal que está investigando uma história mal contada, afinal não há nada escrito que proíba tal prática, mas é legítimo, ainda há dúvida quanto ao comportamento esperado de nossos parlamentares? Retidão, só isso, eu espero que o fulano em quem eu votei se comporte no congresso como uma pessoa que percebe a diferença entre ser certo, respeitar a regra e ser ético, há uma enorme diferença, apesar do contorno tênue entre ambos.
Para acabar com o falatório, o presidente da Câmara, tão diplomático, o Temer, determina que não se fale mais nisso. Ninguém quer máculas em tão exemplares currículos. Embora, ainda, um dos deputados vai questionar na justiça seu direito de dispor das passagens da maneira que preferir.
Em outra casa, a Assembleia Legislativa de São Paulo, um nobre deputado, talvez sentindo sua batata assando, na necessidade imediata de mostrar serviço, inventa uma nova lei, regras que transformariam as ruas da cidade em carnificina, então a imprensa vai entrevistar o autor da lei, e descobrimos, ele escreveu tal lei sem estudo, sem ciência, escreveu simplesmente por se sentir incomodado pelas motos! Só ele!
O serviço público está sucateado, o atendimento é péssimo, falta pessoal, falta recurso, mas nosso parlamentares têm coragem de declarar na televisão que sofrem ataques desnecessários, são ilibados esses seres. E o pior é que não há o fazer além de ficar assistindo de queixo caído, inclusive briguinhas dos ministros do SUPERIOR tribunal de justiça pela televisão!

2 comentários:

LuMa disse...

Ah, com a restrição, logo logo vão aprovar o aumento de salário dos deputados. Quer apostar? Há coisa de poucas semanas, antes do escândalo, o próprio presidente da Câmara, M. Temer liderava o movimento pelo aumento. Imagina se o caso das passagens não fosse denunciado. Teriam ficado com o aumento de salário + gastança de passagens. Temos o dever de votá-los, mas não temos o direito de tirá-los do poder, que tristeza...

Uma bombinha por lá não me incomodaria, sabe. :)

Alfredo disse...

Fazer o quê? O comportamento dos 3 poderes é o reflexo do comportamento do povo. Se uma pessoa acha normal virar deputado e roubar, entao os deputados de fato vao roubar. afinal, o maximo que pode ocorrer com eles é devolver o dinheiro e perder o cargo. Nunca irá pra cadeia.