terça-feira, 21 de abril de 2009

Eu, minhas amigas e os problemas com nervos

Há muitos anos, quando eu ainda estava na faculdade, foi diagnosticado síndrome do pânico em uma amiga, a Dinha,naquele tempo ainda não existia transtorno bipolar, depressão era outra coisa, maquele tempo tinha síndrome do pânico e prolapso da válvula mitral. Vira e mexe, Dinha esbranquiçava, os lábios arrocheavam e ela começava a tremer. Na classe, ninguém sabia bem o que fazer, como via minha amiga penando, me acostumei a resgatá-la e levá-la para tomar ar, suco, coca-cola, café.
No auge da crise, numa das aulas assistimos a um filme chamado "Os mistérios da mente", para quem está tendo problemas com substâncias que não estão se comportando como deveriam, o filme tinha o mesmo efeito de uma bomba, Dinha, teve uma experiência próxima a uma visita ao inferno, ela cobria os olhos, pedia para avisar quando as coisas amenizassem. Eram relatos impressionantes, fulano que perdeu parte do cérebro, já estava quase cacarejando, ciclano, esse coitado, levou uma bolada na cara e agora não sentia quando sua pele era colocada em calor intenso, o filme era isso, nem lembro de mais detalhes, só não esqueço essa amiga, sofreu mesmo. Na semana seguinte, ela não veio à aula, precisava se recuperar do trauma, naquela semana, não houve aula, o filho da professora, coitado, teve um aneurisma no banho e morreu.
Sem entrar o drama da professora, que já era descompensada antes,e ficou muito pior depois, Dinha, minha amiga, precisou de quase um mês para ouvir a história toda, num dia contei, o filho da professora morreu, no outro, tomando banho, de aneurisma, ai precisei dar um intervalo de quase um a semana, era muito para ela.
E assim foi, Dinha foi se tratar, tomou muito remédio, mas melhorou, ficou ótima.
Anos mais tarde, agora no trabalho, outra amiga teve a tal da síndrome do pânico, com a tal da válvula mitral dando pane, com ela, também tomava minhas atitudes, chegamos ao ponto de, eu dirigir o carro dela, pois ela não andava em outro carro, e também não dirigia.
Apesar de ser muito impressionada, e ter meus piripaques por aí, nunca fui hipocondríaca, nunca senti necessidade de tomar remédio para nada, nem para piripaque, nem para emagrecer, imune aos encantos dos remédios, podia ajudar quem estava precisando.
Como as coisa mudam, foi em 84, 85 que a Dinha foi atacada pelo pânico, hoje as pessoas são atacadas por outras coisas, outros nomes, mas resumindo mesmo poderíamos dizer que as pessoas continuam sofrendo dos nervos, com intensidade muito maior agora, antes, parecia mais leve.
Talvez, com o avanço da medicina, com o tanto de remédios disponíveis, as doenças também vão ficando mais complexas. O caso é que é importante procurar a cura.

3 comentários:

LuMa disse...

Eu conheço este problema, e por evitar remédios, aprendí a contorná-lo, pois o que me causa o pânico é apenas uma única atitude. Posso evitá-la, pois é possível viver sem ela. O tal pânico me leva à sudoração excessiva, fico branca como neve, tremedeira descontrolada e o medo ao limite do colapso cardíaco. Por muitos anos me envergonhava deste ponto fraco, mas hoje vivo numa boa, bastando apenas evitá-lo. O que me incomodava é que todos acham que basta enfrentar o problema. Não, não basta, e sei disso. Um dia, quem sabe, possa descrevê-la num texto. Beijos!

Ana R. disse...

O exercício da paz interior através da meditação e outras técnicas orientais é um antídoto contra o medo e contra medicamentos que trazem efeitos colaterais devastadores.
Gostaria que todos pudessem ter acesso à tratamentos psicológicos que são extremamente necessários e nada valorizados, além de serem inviáveis do ponto de vista econômico. E obviamente temos um governo ausente em todas as esferas do poder, com projetos que poderiam ajudar a população nesse sentido.

Alfredo disse...

Ótimo texto. Vc tb é a favor de celulas troncos embrionarias?