quarta-feira, 11 de março de 2009

Por isso que gordo, é gordo!


Fazia tempo que não lembrava dessa frase, uma pérola de autoria de meu primo.
Nós já éramos crescidinhos, uns 10 ou 11 anos, e havíamos deixado de ser, aos olhos dos adultos, crianças fortinhas, coradas e fofas, havíamos despencado na dura realidade de sermos avaliados por todos como crianças gordas. Minha irmã, que até então, havia sido uma criança de poucas carnes, magrinha feito um gravetinho, tinha dado uma boa encorpada, os três estavam fora do peso, muito.
Passávamos as férias em Atibaia, lá nossas mães, se esmeravam nos dotes culinários, havia doces na sobremesa, bolos, bolinhos e quitutes gostosos para o lanche.
Minha mãe e minha tia, achavam que nós, meu primo, minha irmã e eu, deveríamos nos controlar, afinal as outras crianças e adultos não estavam de dieta, nem nós, na verdade, era tudo fruto da ansiedade e da imaginação fértil delas, nos sentíamos ótimos, elas que queriam nos ver magros, cozinhavam, cozinhavam e não nos deixavam nos refastelar.
Minha mãe, depois do almoço, montava guarda na frente da cozinha, para que ninguém tivesse a ideia de assaltar a geladeira, é o jeito dela contribuir para a boa forma dos outros, proibir.
Meu primo, muito esperto, desenvolveu uma técnica infalível, ele atacava a comida e dizia: "por isso que gordo é gordo!" enfiava a coisa na boca e corria!
Minha irmã e eu, aproveitamos, e fazíamos a mesma coisa. Minha mãe, ficava brava, dizia que não comeríamos sobremesa e tudo, não adiantava nada. Lá em casa a política alimentar consistia na filosofia: criança com comida no prato não morre de fome, quer comer, come, não quer, não come. Sabíamos que nem adiantava pedir, nunca rolava um ovinho, um hambúrguer para os inapetentes. Acho que eu sempre escolhia a primeira opção.
Nas férias, quando estive com minha mãe, ficou claro o movimento, ela cozinha maravilhas, serve a comida em porções contadas, não deixa ninguém repetir, mas se a conta deu errado e sobrou um tanto na travessa, ninguém pode adivinhar, ela começa a empurrar comida para o prato de todo mundo com o seguinte argumento: Não pode deixar sobrar, ninguém vai comer depois!
Não tente entender a lógica, impossível, com essa informação foi muito mais fácil entender a o meu funcionamento diante da comida, apesar de ser a mais velha e nunca ter ficado com medo de ter meu prato atacado por algum irmão mais velho, tinha que me garantir, vai que a comida acaba, ou ela não deixa ninguém repetir?
Já devo ter contado como eu resolvi essa questão da comida com minha mãe, foi graças ao Dr Lineu que me disse com todas as palavras, você come para agredir sua mãe! Opa? Como assim? Com essa frase fui para casa e tratei de procurar outra forma de agredir minha mãe! Em se tratando de agredir mãe, a substituição é fácil! Graças ao Dr. Lineu perdi um monte de peso, sem remédio, sem sofrimento, me mantive na nova forma por bastante tempo, engordei durante a gravidez, mas voltei logo.
Depois eu percebi que muita da ansiedade dela estava muito mais ligada ao excesso de cuidado que qualquer outra coisa. Eu também podia escrever tudo sobre minha mãe, mas agora não tem mais graça. Já lidamos com todas as pendências, várias vezes!
O fato é que durante muito tempo, mesmo depois de ter emagrecido, quando ia dar uma beliscadinha fora de hora, pensava na famigerada frase, de certa forma ela servia de estalo de consciência, para não acabar com o pé na jaca. Lembrei, hoje, que de uns tempos para cá deixei de pensar nela, talvez por ter passado muito tempo em forma, num peso razoável.
Portanto, de agora em diante meu lema volta aos meus usos e costumes! "Por isso que gordo é gordo!"

6 comentários:

Anônimo disse...

Paola, me empresta este Dr Lineu, por favor! Quero que ele me arrume uma desculpa pra justificar o meu apetite. E nem engordo por isso!

Minha mãe sempre fugiu da cozinha. Só pra ilustrar, um dos fogões que ela teve, ficou uns 10 anos sem usar o forno! Nós 5 irmãs crescemos comendo "o que tinha por aí"...(rs)

Ah, a disciplina da sua mãe tá justificada: é descendente do norte italiano!

Paola disse...

LuMa,
Essa é uma linha que pensa que vc tem que ter conssiência do que quer, do que come, nunca comer sem prestar atencão!
Foi mais ou menos assi que parei de fumar, tive sucesso quando comecei a pensar no pq fumar, pq fumar nessa ou naquela hora.
Quando a gente pensa fica mais equilibrado!

Beijos

PAola

Alice in Wonderland disse...

Nossa, Paola, tens razão. Essa técnica de pensar no porquê de estar comendo num respectivo momento do dia é realmente efetiva, óptima. Está me ajudando muito, muito mesmo. Não são poucas as vezes que me pego prestes a devorar qualquer coisa, então penso: "Putz, pra quê comer isso agora? Nem estou com fome!" Ou, então: "Eu, hein, não vou comer isso aqui. Tem tanta coisa mais saudável, tão menos engordativa...!"
Já estou com a consciência bem mais leve por ter conseguido pensar assim e espantado 70% da gula, além de andar 40 minutos por dia.
Estou com saudades!

Beijos,
Alice.

Paola disse...

Alice!
Vc adotou a ortograia Lusa?
Que engraçado!


VC não precisa se preocupar assim, né?

Beijocas

PAola

Alice in Wonderland disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Alice in Wonderland disse...

Hahaha, estou treinando, porque por conta dela, ou melhor, da falta dela, perdi alguns décimos da minha nota na prova! Algumas coisas já saem automáticas, como "óptimo", "contacto", "projecção" (por causa das aulas de Geometria), "acção"... Mas não escreverei posts nem crônicas pro Jornal nessa ortografia, rsrs. Até porque não me agrada muito; logo, logo, parte dela será abolida.

Beijo.