segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Um espírito baixou em mim


As relações entre as pessoas têm me chamado atenção, ou estou muito mais atenta, ou as pessoas estão mesmo tomando água de privada em jejum. Essa pode ser mais uma das visitas das mais novas entidades que habitam em mim, a Chata de Galochas, ou da outra a também conhecida Espírito de Porca (minhas entidades são femininas, tá? Eu prefiro).
Tudo está interligado, um conjunto de relações que me fazem pensar e observar sob algum aspecto, normalmente coisas que me incomodam muito.
Acho que a humanidade carece de evolução.
Atualmente, tenho observado o comportamento das pessoas no supermercado, é quase científico, seria possível escrever uma tese sociológica.
Durante a semana as mulheres vão ao supermercado, na maioria das vezes sozinhas, algumas levam a empregada, outras o motorista, algumas levam filhos, outras a babá também vai, Há uma categoria especial, a que leva todo mundo, mas essa é um caso à parte, com direito à pergunta que não quer calar, "por quê as crianças não ficaram em casa com a babá e a empregada?".
No geral , a compra se desenvolve de maneira rápida, sem muito alvoroço, às vezes as crianças choram, durante a semana, tudo acaba sem traumas.
No final de semana, as categorias se modificam, tem a mulher sozinha, tem o marido sozinho tem o casal e tem a família inteira.
O dia começa agitado no estabelecimento, o dobro de clientes, muito mais apressados, muito mais perdidos, muitos só querem o carvão, a cerveja, umas linguiças e quem sabe um pouco de sal grosso. É muito comum casais em pé de guerra em pleno supermercado, não é escandaloso, em pé de guerra fria. O final de semana chegou, ela ralou, dentro e fora de casa, acha que ele é folgado, não valoriza seu esforço, então em pleno sábado ela consegue levá-lo às compras, a discussão começa já no estacionamento, ele quer uma vaga na sombra, ela quer uma vaga perto da entrada, continua pela escolha do carrinho, "prá que esse grande? você falou que era pouca coisa".
Já na primeira seção os desentendimentos se desencadeiam, ela gosta de escolher tomate por tomate, ele prefere os mais baratos, apesar do ambiente climatizado, a discussão está quase acalorada, eles passam corredor por corredor discutindo da escolha das marcas, ao tamanho das embalagens. Ele que não ia ao supermercado desde a inauguração do Peg-Pag da São Gabriel (o primeiro supermercado de São Paulo, inaugurado na década de 60), estava tão por fora quanto bumbum de periguete. Na fila dos frios ela já estava exausta, achando que havia cometido a maior burrice da vida.
O processo que poderia ser concluído em 45 minutos, estava em plena execussão, ainda faltavam todos os produtos de limpeza, ele discutia o uso e a necessidade de cada um deles, na seção de guloseimas ela vetou todos os salgadinhos e cervejas, mas teve que abrir mão antes que ele fosse esperar no carro.
No final, com um carrinho a mais que o previsto, enquanto ele colocava tudo no caixa, ela empacotava os produtos ordenadamente, a totalização é concluída, ele bufa, ela reclama. Vão embora em meio aos desaforos mútuos.
No caso da família toda, a situação é marcada pelos pedidos insistentes das crianças, muito choro, bronca e tudo mais.
Ai, a Chata de Galochas que adora disseminar uma discórdia básica pergunta, assim como quem não quer nada, " se é para brigar, não é melhor ficar em casa?".
E a Espírito de Porca, só para dar um toque remenda: "Na rua é mais legal, todo mundo vê, ?" Ou ainda:"Não existe outro acordo para uma convivência civilizada?".
Isso está com cara de queixa, acontece que essa cena está cada dia mais comum, será que os casais carecem de mais diálogo?

3 comentários:

Anônimo disse...

Paola, é incrível como temos sintonia(ou será coisa da nossa idade...rs)nas coisinhas da vida cotidiana. E aqueles que largam carrinhos no meio do corredor, sem preocupar-se em "estacioná-los" no cantinho, e VOCÊ ter que desviá-los? E outra, há quem entre com um carrinho enorme para comprar apenas 1 litro de leite, e nisso, o povo aquí é campeão. Aquí, cada cliente tem que empacotar a própria compra, e portano, enqto a caixa passa as mercadorias, o bom senso diz que vc já pode começar a fazê-lo. Em vez disso, há quem deixa passar TUDO pra finalmente abrir a bolsa, procurar a carteira, porta-moedas e ainda perguntar: "Quanto mesmo"? Só depois que recebe o troco é que começa, lentamente, a colocar a compra na sacola, mas aí o cliente sucessivo fica sem espaço para as suas compras! LuMa

Kenia Mello disse...

Detesto fazer supermercado, aliás, não sei o que é pior: fazer ou guardar as compras depois.

Aqui em casa, costumo fazer compras sozinha, mas sempre no fim de semana eu e Paul damos um pulinho lá pra pegar alguma coisa que tenha faltado.

Nas vezes que vamos os dois fazer compra de quinzena, divido a lista em duas e assim não há o que temer. Hehehe

E Mariana raramente vai e quando vai, já sabe: se não se comportar, não volta mais.

Beijos.

Anônimo disse...

acho que os casais precisam ter mais respeito e amizade. Duvido que alguém fizesse este papelão com um amigo...
E outro dia vi um adesivo num carro que achei muito interessante. Dizia "A paz começa em casa".