Há dez anos, quando o calouro Edison Tsung Chi Hsueh morreu durante um trote violento aplicado pelos veteranos da Medicina da USP.
Na época, achei que era o fim dessa prática, achei que a polícia, que a justiça, que todos os reitores de todas as Universidades do país, que todos os professores universitários, que todos os veteranos, que todos os calouros , que todos os advogados, que a OAB e todas as outras entidades de direitos humanos, se mobilizariam para acabar com essa "brincadeira" tradicional, na verdade, abusiva, bárbara e cruel.
Lendo o relato desse acontecimento, me emocionei, na aula inaugural foi avisado, ninguém era obrigado a participar do trote, também haveria uma uma festa como tantas outras que fazem parte do calendário da Casa de Arnaldo, (Dr. Arnaldo, o fundador da faculdade).
Aliás, quando esse caso aconteceu, fiquei muito surpresa, achava que esse era um assunto resolvido.
Imaginava que só participa do trote, quem quer. Que qualquer prática abusiva deveria ser punida nos rigores da lei, lesão corporal, injúria e o que mais couber.
Há muito tempo, (muito tempo mesmo, já dá para fracionar o século e encontrar o número) quando eu entrei na faculdade, esse era uma assunto muito discutido, ninguém duvidava, naquela entidade, não tinha trote, tinha festa, confraternização e tudo bem, ficavam todos satisfeitos, todos de acordo e o ano começava.
Me espanta a violência usada pelos veteranos, me espanta saber que estudantes universitários se divirtam com esse tipo de atrocidades, me espanta saber que passado Fevereiro, nada mais é dito, feito ou pensado.
A Farra do Boi, uma festa também tradicional de Santa Catarina, foi proibida, criminalizada, todo mundo sabe, todo mundo ficou com pena do boi, eu também. E do calouro, e da caloura? Tudo bem? Um bando de marmanjo incomodando quem deu duro para passar no Vestibular? Vale?
Trote é crime? Trote é crime praticado por por jovens, que não se enquadram na categoria "criminosos comuns", são criaturas da classe média (ah a classe média, é tão fácil apontar o dedo para a classe média!), os conhecidos "filhinhos de papai".
Todo início de ano é a mesma coisa, dessa vez aconteceu em Leme, "O estudante Bruno Cesar Ferreira foi encaminhado ao pronto-socorro da cidade de Leme, no interior de São Paulo, após ser vítima, ontem, de trote violento de alunos veteranos da Faculdade Anhanguera, segundo boletim de ocorrência. A mãe do jovem disse que Bruno foi amarrado e agredido fisicamente pelos veteranos da Faculdade de Veterinária, que o obrigaram a ingerir grande quantidade de bebida alcoólica. A polícia da cidade de Leme aguarda para hoje um laudo médico sobre o estado de saúde de Bruno, de 21 anos, para abrir um inquérito policial."(UOL)
Fico pensando de onde sai tanta violência, tanta truculência, quem incentiva esse tipo de atitude? Os pais? A escola? Quem?
Os jovens procuram a todo instante experimentar os limites, procuram quem ofereça resistência, tem quem encontre isso na família, na escola, os lugares tradicionais, outros precisam de mais, a polícia, a justiça.
Atualmente, há uma categoria especial, os jovens que não encontram resistência na família e essa não aceita a resistência de nenhuma instituição. Em caso de necessidade, os pais correm em defesa dos filhos, pagam advogados, arrumam liminares e os rapazes continuam impunes. São leoas na defesa dos filhos. O detalhe é que esses jovens serão os médicos, os advogados, os juízes que estarão disponíveis em poucos anos!
Sou a favor da comemoração, da confraternização, do tal do ritual de passagem, mas sempre, guardadas as devidas proporções. Gosto da ideia do trote solidário, todos os calouros plantando árvores no Campus, participando de uma gincana de arrecadação de alimentos, fazendo atividades em orfanatos, em asilos, de qualquer coisa que fortaleça vínculos, amplie a experiência dos alunos.
Para mudar este estado de coisas é preciso que as Universidades tratarem do assunto com critério, isenção.
*********
Mais uma estudante foi atacada, sofreu queimaduras graves por produto não identificado, a vítima foi hospitalizada.
Detalhe: A veterana que "aplicou" o trote, sem consentimento é estudante de PEDAGOGIA!
Acho que uma punição justa é a expulsão do curso, é a proibição de exercer a profissão, se é capaz de fazer isso assim sem motivo, o quê uma desiquilibrada será capaz de fazer no calor de uma sala de aula?
Na época, achei que era o fim dessa prática, achei que a polícia, que a justiça, que todos os reitores de todas as Universidades do país, que todos os professores universitários, que todos os veteranos, que todos os calouros , que todos os advogados, que a OAB e todas as outras entidades de direitos humanos, se mobilizariam para acabar com essa "brincadeira" tradicional, na verdade, abusiva, bárbara e cruel.
Lendo o relato desse acontecimento, me emocionei, na aula inaugural foi avisado, ninguém era obrigado a participar do trote, também haveria uma uma festa como tantas outras que fazem parte do calendário da Casa de Arnaldo, (Dr. Arnaldo, o fundador da faculdade).
Aliás, quando esse caso aconteceu, fiquei muito surpresa, achava que esse era um assunto resolvido.
Imaginava que só participa do trote, quem quer. Que qualquer prática abusiva deveria ser punida nos rigores da lei, lesão corporal, injúria e o que mais couber.
Há muito tempo, (muito tempo mesmo, já dá para fracionar o século e encontrar o número) quando eu entrei na faculdade, esse era uma assunto muito discutido, ninguém duvidava, naquela entidade, não tinha trote, tinha festa, confraternização e tudo bem, ficavam todos satisfeitos, todos de acordo e o ano começava.
Me espanta a violência usada pelos veteranos, me espanta saber que estudantes universitários se divirtam com esse tipo de atrocidades, me espanta saber que passado Fevereiro, nada mais é dito, feito ou pensado.
A Farra do Boi, uma festa também tradicional de Santa Catarina, foi proibida, criminalizada, todo mundo sabe, todo mundo ficou com pena do boi, eu também. E do calouro, e da caloura? Tudo bem? Um bando de marmanjo incomodando quem deu duro para passar no Vestibular? Vale?
Trote é crime? Trote é crime praticado por por jovens, que não se enquadram na categoria "criminosos comuns", são criaturas da classe média (ah a classe média, é tão fácil apontar o dedo para a classe média!), os conhecidos "filhinhos de papai".
Todo início de ano é a mesma coisa, dessa vez aconteceu em Leme, "O estudante Bruno Cesar Ferreira foi encaminhado ao pronto-socorro da cidade de Leme, no interior de São Paulo, após ser vítima, ontem, de trote violento de alunos veteranos da Faculdade Anhanguera, segundo boletim de ocorrência. A mãe do jovem disse que Bruno foi amarrado e agredido fisicamente pelos veteranos da Faculdade de Veterinária, que o obrigaram a ingerir grande quantidade de bebida alcoólica. A polícia da cidade de Leme aguarda para hoje um laudo médico sobre o estado de saúde de Bruno, de 21 anos, para abrir um inquérito policial."(UOL)
Fico pensando de onde sai tanta violência, tanta truculência, quem incentiva esse tipo de atitude? Os pais? A escola? Quem?
Os jovens procuram a todo instante experimentar os limites, procuram quem ofereça resistência, tem quem encontre isso na família, na escola, os lugares tradicionais, outros precisam de mais, a polícia, a justiça.
Atualmente, há uma categoria especial, os jovens que não encontram resistência na família e essa não aceita a resistência de nenhuma instituição. Em caso de necessidade, os pais correm em defesa dos filhos, pagam advogados, arrumam liminares e os rapazes continuam impunes. São leoas na defesa dos filhos. O detalhe é que esses jovens serão os médicos, os advogados, os juízes que estarão disponíveis em poucos anos!
Sou a favor da comemoração, da confraternização, do tal do ritual de passagem, mas sempre, guardadas as devidas proporções. Gosto da ideia do trote solidário, todos os calouros plantando árvores no Campus, participando de uma gincana de arrecadação de alimentos, fazendo atividades em orfanatos, em asilos, de qualquer coisa que fortaleça vínculos, amplie a experiência dos alunos.
Para mudar este estado de coisas é preciso que as Universidades tratarem do assunto com critério, isenção.
*********
Mais uma estudante foi atacada, sofreu queimaduras graves por produto não identificado, a vítima foi hospitalizada.
Detalhe: A veterana que "aplicou" o trote, sem consentimento é estudante de PEDAGOGIA!
Acho que uma punição justa é a expulsão do curso, é a proibição de exercer a profissão, se é capaz de fazer isso assim sem motivo, o quê uma desiquilibrada será capaz de fazer no calor de uma sala de aula?
5 comentários:
Há trotes e trotes.....Guardar a devida proporção é algo que está em extinção em todos os aspectos da nossa vida. O mau exemplo vem de cima, o tempo todo. Perdeu-se um mínimo de bom senso em todos os âmbitos. Tá difícil!
As universdades públicas vêem os alunos como números, uma contingência, enqto as privadas, como clientes, que há sempre razão e temem puni-los. As instituições não têm respeito de sí, e os docentes que exercem a profissão por amor ao ensino são quase inexistentes. Cada qual está mais preocupado em dar maior número de aulas em diferentes universidades para elevar seus currículos e obter maior renda no final do mês. Ou seja, não nasce o apego pelos alunos e nem pela instituição. Tentar incutir certos valores ou conscientizá-los - alunos e instituções - serve pouco a estas alturas. Se há algo que as pessoas temem, não são punições legais,que permite mil subterfúgios além de lentas. Mas a GRANA. Impor uma daquelas multas bem pesadas em ambas as partes pode ser uma solução nada moralizadora, mas funcional e eficiente. A grana hoje é mais respeitada e temida que quelquer outra punição. Quero ver se os pais não começariam a prevenir os filhos e as instituições precaver-se das multas pesadas. E devem ser pesadas, de doer no bolso. Excelente abordagem, Paola! Beijos! LuMa
Paola, adoro seus comentários... tão inspiradores... obrigada.
beijos, Olly
isso dos trotes tá cada ano ficando pior..mais e mais gente sem noção...
triste..um bando de adolescentes bestinhas...
bjs chuchu
Eu ODEIO trote! Acho realmente vergonhoso! O fim do mundo! E tão tupiniquim! Não conheço nenhum outro país onde as pessoas "comemorem" dessa forma!
Graças a Deus não tive que participar de nada disso! Um absurdo! Pessoas que já estão na TERCEIRA etapa de estudo oficial se prestando a esse tipo de coisa... E pior: MACHUCANDO gravimente quem tá feliz por ter FINALMENTE conseguido entrar na faculdade...
Vergonha! E acho inacreditável que as faculdade não tomes conta da situação!
Não consigo nem entender... Tudo muito bizarro...
beijo e saudade de vc!
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