quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Outros bichos

O tempo passou, os cinco filhos cresceram e bateram as asas, uns para mais longe, outros ficaram por perto.
As coisas mudaram muito, a casa foi ficando vazia, aquele monte de obrigações deixaram de existir, apareceu um espaço para o inusitado. A mãe, que antes era atarefada com a atividade maternal, pode finalmente se dedicar à arte, começou a pintar quadros, muitos quadros. O pai, que trabalhava com grandes máquinas, também mudou, resolveu fazer uma coisa que sempre teve vontade, ter um sítio e fazer uma produção agrícola.
Ele passou a trabalhar no sítio, desenvolveu uma técnica de cultivo hidropônico de tomates cereja, pesquisou, observou, construiu uma, duas, três estufas, plantou também abobrinha, alface, morango.
O filho que estava mais longe, precisou de ajuda, o coração de mãe atendeu, enquanto ela foi ser vovó lá no estrangeiro, ele mudou-se para a roça, lá pode, finalmente, ter os cães antes impossíveis.
Na roça, os cães são de raças genéricas, e muitas vezes os vira-latas passam a ter nomes bonitos,
O primeiro que apareceu foi um "vaimaraner", batizado pela alcunha de Salchicha (com dois ch mesmo!), presente de um vizinho, companheiro, vivia lá entre as pernas de toda gente.
Um dia o amigo dos filhos trouxe um filhote de Dog Alemão, um similar, digamos assim, pois esse tinha tudo de Dog, talvez um tanto mais encorpado, todo preto, então puseram o nome de Zumbi.
Ela voltou, no começo achou ruim, era muito cachorro, ele nem deu trela, dessa vez não tinha conversa, os cachorros ficam, e ele é do tipo dono engajado, passeia com cada cahorro duas vezes por dia, alimenta nos horários certos, etc e tal...
Todo mundo sabe, em casa que gosta de cachorro, a porteira está sempre aberta. Um dia, passando de carro, ele encontrou uma fêmea de Dog Alemão, preta, dava para ver que era de raça pura, coitada, um caco, toda machucada, toda estropiada e com fome, parece que foi abandonada. Colocou no carro, levou para casa, cuidou, levou no veterinário, tratou, ela estava quase morta, mas sobreviveu, foi chamada de Vick, de vitória.
Zumbi e Vick viveram felizes para sempre, até filhinhos tiveram, o Zulão ficou com os pais. Zulão nasceu no mesmo dia que a Caçula, até hoje todos brincam que eles são gêmeos!
Zumbi, nascido numa paisagem rural ficou um cão de guarda, companheiro.
Com tanto cachorro, até casinha especial foi construida, com caminha alta e tudo.
Um dia, assim sem aviso, apareceu uma cadelinha vira-lata, que foi chegando, e se aboletou, essa é a Zulieta, hoje ela está velhinha e é uma cadela com necessidades especiais, ela não anda, mas lá da caminha dela está sempre atenta.
O Zumbi mordeu um sapo e acabou morrendo envenenado, a Vick já estava bem velhinha, e também morreu.
Se você não sabe, eu vou contar uma coisa muito triste, tem gente que abandona seu cachorro largado, sozinho, tem gente que leva o cachorro bem longe e vai embora, eu acho isso uma covardia.
Passando pela estrada, os dois viram um Akita, limpinho e com cara de perdido, ele quase parou o carro, ela logo deu um basta, chega de cachorro!
No dia seguinte o Akita estava na porteira, não entrou assim de cara, ficou lá esperando alguém aparecer, ele sabia que lá era um lugar que trata bem dos cachorros, acabou ficando, ganhou o nome de Lobinho.
As notícias correm, uma vizinha apareceu por lá contando que tinha comprado um sítio ali perto, e que o antigo dono tinha deixado uma Akita lá, como esse é um sítio de fim-de-semana, não pode ficar com a cadela, te dou uma bala se você adivinhar onde ela está morando agora! Com nome de Pitucha?
Tem também os três filhotes vira-latas, o Jonny, o Tico e a Tica.
Eu sempre brinco que lá em casa somos os cinco, os cunhados, as cunhadas, sobrinhos, os tomates, e nesse momento os sete cachorros.
Eu gosto de cachorros e da convivência com eles, tenho limitações, não dá , no momento, para ter nada maior que uma Pintcher.
Penso que ter cachorro é uma opção, mas há que ter responsabilidade, cachorro requer cuidado, atenção. Nem vou dizer o que eu acho de quem compra um cachorro de raça, da moda, depois acha difícil, a vontade de ter cachorro passa e abandona um cachorro na rua!

4 comentários:

Anônimo disse...

Que inveja! Vc sempre pôde viver circundada por estes amigos de pêlo, coisa que sempre desejei mas as circunstâncias não permitiram. Quer saber de uma coisa? O bom da nossa idade é que aprendemos a ter olhos para esses amigos. O meu "apertamento" permite somente uma gatinha vira-lata, que eu peguei na Prefeitura daquí, mas o meu sonho é um dia ter um sítio para viver com todos eles. Paola, já comprei a carninha esta manhã(sempr papo de comadre), só fata o pimentão! Depois te conto!

Kenia Mello disse...

A minha infância foi marcada por um companheiro de quatro patas, King, cão perdigueiro do meu avô, que adorava caçar.
Meus avós contavam que ele montava guarda na porta do meu quarto e só deixa alguém entra para me ver, recém-nascida, se a pessoa estivesse em companhia de um dos meus avós.

Beijos.

Srta.T disse...

Coisa triste né, abandonar os coitados dos bichinhos...
Como moro em "apertamento" e fico fora muito tempo, tenho dois gatinhos. Teria mais se pudesse: não posso ver um jogadinho na rua que já quero adotar... e também acho uma barbaridade ficar comprando bicho de raça! Os meis são todos de rua, e são lindos!

Paola disse...

Devia haver uma habilitacão para a pessoa ter filhos e bichos!
Psicotécnico para ser responsável pela vida alheia!

Rá! Queria ver!!!!!