segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Meu fusca não falava


Quando eu fiz 18 anos, as opções automobilísticas brasileiras eram restritas.
Ainda não haviam os importados e a indústria nacional se resumia à Volkswagen, Ford, Chevrolet e a recém inaugurada Fiat, que fabricava só os 147.
Então nossas ruas eram povoadas de Fuscas, Brasílias, Variants, Corcéis e Belinas, Veraneios, alguns Passats, Chevettes, Opalas, Galaxys ainda eram vistos com alguma frequência, mas não muito mais que isso.
Lá em casa, meu pai emprestava o carro para quem precisasse, então não tinha muita firula, não dava para pregar adesivo de Minie, ou ter chaveiro de coração, o carro era comunitário!
Teve um tempo que usávamos, eu e minha irmã, um Fusca verde-água, que vira e mexe não pegava, precisava se empurrado, era uma tristeza, a vantagem é que qualquer um sabia arrumar, a manutenção era simples e baratérrima! Nosso Fusca passou por muitas sessões de funilaria, afinal nem sempre víamos os obstáculos à frente, além é claro de nossa inabilidade inicial!
Dirigir um Fusca era uma aventura! Você fica afundada no banco, a dirigibilidade totalmente prejudicada pelos paralamas gorduchos, que imprimiam um ar simpático ao modelo. Somando-se a isso a inexistência de porta-malas.
Qualquer pessoa com mais de quarenta anos , deve ter pelo menos uma história com Fusca para contar, meu pai, quando éramos pequenos, fazia milagres, era capaz de colocar com toda a bagagem, dentro do carrinho, que é minúsculo, os cinco filhos! Minha mãe, todo mundo sabe, levava os cinco filhos e os quatro caronas, todos de Fusca para a escola, naquele tempo, ainda nnao tinham inventado nem o cinto de segurança, nem o código Nacional de trânsito, criança andava no banco da frente, no chiquerinho, empilhada, tudo na maior maravilha!
Fusca foi orgulho nacional, a indústria automobilística brasileira nasceu com a producão do Fusca, que sempre foi democrático, e no quesito cores, nunca foi simplório, variavam dos tons azuis, verdes e beges pastéis até os laranjas, vermelhos, turquesas mais berrantes!
Quando o Fusca deixou de ser produzido, achei que o modelito criado por Ferdinand Porsche, o filho de pai famoso, já tinha dado sua contribuição para a humanidade!
De uns tempos para cá, tenho visto muitos Fuscas na rua, parece que há pessoas que reviveram o simpático carrinho e não é por falta de opção, é por gosto mesmo.
Já estou achando que para o pessoal de pouco tempo de carteira, é uma boa, é muito mais difícil causar um acidente fatal com um Fusca que com um modelo mais "invocado"!
Não é impossível capotar um Fusca, mas como ouvi ontem na televisão, até dá para colocar dois carburadores no Fusca, mas ele continua Fusca!

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