quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Conflitos

Quando eu li o post da Sol, tudo isso veio à minha cabeça e aí, saiu isso:
Fui cobaia das primeiras tentativas da escola moderna no Brasil, em 1968 eu estava no jardim 2 e muitos conflitos eram resolvidos com regras tais quais as do Código de Hamurabi (1792-1750 a.C.), o bateu levou, institucionalizado, com requintes de crueldade, afinal professoras seguravam os agressores para os agredidos irem a forra, situação humilhante para ambas as partes.
Durante muito tempo e ainda muitas crianças insistam em ir as vias de fato e rolar no chão, aos tapas e safanões para resolver as pendengas.
Graças à evolução da Pedagogia, chegou-se ao consenso que tudo se resolve com conversas, desculpas, explicações e às vezes algumas cerceações de liberdades de certas crianças.
Quando fui trabalhar no Galileu Galilei, uma escola já falecida, mas ainda não esquecida, o ícone máximo da resolução de conflitos infantis era ninguém mais, nem ninguém menos que a diretora Cidalma.
Cidalma era autoridade máxima, e especialista em pendengas, lançava mão de mil e dois recursos, talvez jamais imaginados antes e dificilmente repetidos em todos os detalhes.
Algumas pessoas, mais frequentes nessas sessões, já sabiam o ritual. Se a brincadeira não deu certo, era lá que tudo ia ter um fim.
Sentava em sua cadeira e fazia cada envolvido sentar-se também e ai começavam os trabalhos, uma lista de perguntas do tipo: a razão da visita, quem começou, quem não terminou, etecetera e tal, como normalmente a solução não vinha como mágica, ela mandava os envolvidos trocarem de lugar, e as conversas reiniciavam, caso a solução não fosse encontrada, ela entrava na roda e mandava um sentar-se em seu lugar e pedia que ele, normalmente o pivô da confusão, encontrasse uma saída, se nada acontecesse, ela reiniciava a conversa, processo interessante. Essa coisa de "coloque-se no lugar" é uma conversa que costuma dar resultados, assim a criançada vai aprendendo, conforme vão crescendo as brigas vão diminuindo.
Esse é um jeito de resolver situações conflituosas, sem solução aparente em que eu acredito e sou adepta.
Os amigos do Moleque sabem, comigo a conversa se desenrola, não sou do tipo que proteje, eu chamo na "xincha", eles gostam pois têm certeza que não vai rolar proteção.
Sempre fiz uso da técnica, em ocasiões em que fui convocada nos conflitos externos, também lancei mão desses recursos tão preciosos, no entanto, por duas vezes, tive que ser bem direta, do contrário a situação ficaria muito mais problemática. As tais exceções para confirmar a regra.
Decretei a suspenção do convívio por tempo suficiente para o esquecimento da birra. Deu certo!

5 comentários:

Marcelo Daltro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Gosto dessa técnica. E, fico pensando se ela não ajudaria nesses conflitos tão insanos que anda rolando do outro lado do mundo.
Seria interessante colocar Israel e Palestinos tentando um dialogo e buscando enxergar os problemas sob a ótica do outro

Incontinente disse...

"Jamais esquecida" :D

Nunca fui à sala da Cidalma, mas me parece um jeito inteligente de resolver conflitos.

Paola disse...

Patrícia,
Bom seria esse mundo se as coisas que são ensinadas para as crianças fosse aplicadas pelos adultos!!!

PAola

Paola disse...

Marianazinha,
Claro que você nunca foi na sala da Cidalma, mas com certeza você lembra o jeitão dela lidar com os conflitos do futebol, né? Uma diplomata!

Beijocas

PAola