Capeletti do Natal

Entre as muitas tracições natalinas, o "capeleti in brodo" da nona, talvez seja, junto com o tordilhe da minha avó, uma daquelas tradições singulares e individuais, só nossa. Esse era o costume na casa do Nono Beppe e da Nona Maria, mantido vivo enquanto as filhas deles estiveram por aqui.
Sempre foi feito em casa pela mulherada, minha avó e as irmãs faziam uma média de mil capeletis por minuto, tal era a destreza delas.
Imagine você, dia 25 de Dezembro, depois daquela comolança que varou a madrugada com requintes gastronômicos como o tordilhe, no dia seguinte, todos à mesa na hora do almoço para a refeição que se inicia com um prato de caldo (como o da canja) com capeletis recheados de carne de porco, ave e sabe-se lá o quê mais! Sabor inigualável, impossível de se recusar!
Ao final desta parte, não havia quem já não estivesse suando, afinal o capeleti se come quente, bem quente, com queijo ralado, lógico. Depois do capeleti vem o salpicão, o tender, o peru, a farofa, o arroz com amêndoas, aquele molho delicioso para regar as carnes, e o purê de maça.
Depois disso tudo ainda tinha a merengada, o pudim de castanha, a cassata e o crustoli!
De todo esse cardápio maluco de Natal, acho que sinto falta mesmo do capeleti e do crustoli, duas da coisas mais gostosas que existe na face da terra, capeleti tem por aí, um monte, mas como d minha avó, sem chances, a massa fininha e cozida com o recheio temperado na medida exata, num caldo encorpado! O crustoli, uma massinha frita e passada no açúcar e na canela, é fácil de fazer, só tem aquele agravante da fritura, na cozinha tamanho mini aqui da minha casa essa é uma atividade impossível.
Fica aqui registrado, que nessa época do ano lembro com muito carinho das minhas duas avós que , cada uma à sua maneira, mostraram como poderia ser o Natal! Cheio de alegria e confusão, um monte de comida com gosto de amor, de tradição!
A todos que por aqui passarem, desejo muita paz e harmonia ao lado das pessoas amadas!