segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Papel de Mãe


Se existisse o "Manual da Mamãe Maravilha", com certeza não seria meu livro de cabeceira.
Já descobri que o papel de mãe é uma construção, individual, baseada na própria experiência e que aceita exemplos alheios como atalhos para o sucesso. Observações criteriosas valem ouro, nesse caso.
Devo confessar, o modelo "Full Mother Special" me incomoda demais, não serve em mim, me aperta, me sufoca. Me sentiria ridícula combinando o trabalho de grupo com a mãe das outras crianças, sabe?
Detesto aquelas mães que vivem todos os momentos do filho como se fosse a conquista da Lua.
Tudo bem, eu adoro ver meus filhos tendo sucesso, fazendo coisas, mas daí a assistir todos os treinos do futebol, todas as aulas de balé? Fico com vergonha alheia quando percebo que tem mãe passando do limite, fazendo esse tipo de coisa. Já falei muito sobre isso, o caso, agora é a mãe em si.
Quero saber: quando a mãe é gente? Quando ela vive as próprias experiências?
Ser mãe não é anulação, mãe tem que crescer também!
Acho que foi a Clarice Lispector disse em algum lugar que a mãe tem que se apequenar conforme o filho cresce, mãe tem várias funções e elas mudam!
Mãe superprotetora é tão cafona, nunca esteve na moda! Isso serve para as mulheres que precisam se justificar, não para mim.
A mãe do recém-nascido, está aprendendo a entender o filho, está descobrindo como ser mãe, como se adaptar ao novo momento da vida, mas isso passa, tem que passar, depois ela começa a ter outras coisas para pensar, com que se preocupar. Ninguém aguentaria acordar todas as noites para amaentar o mesmo bebê uma vida inteira.
Ser mãe, viver o papel de mãe é uma coisa muito séria e requer prática, experiência, paciência e ciência e uma dose cavalar de sensibilidade. Perceber o limite entre cuidado e autonomia, por exemplo é um desafio e tanto.
Estou construindo meu modelo, estou sugerindo para outras mães, que se aprenda, também ser outras coisas. Muita gente me pergunta como consigo ler tanto, simples, eu preciso do meu tempo, sempre presei isso.
Nesse momento, sou mãe multifásica, multifacetada, com pré-adolescente, adolescente marrento, e pré-adulta, eu tenho dar o salto como mãe.
Uma mãe moderna, assim como eu quero ser, já percebeu que as funções maternais estão reduzidíssimas, por isso, tenho aproveitado para aprender coisas diferentes, afinal não quero deixar de ser mãe.
Ando observando muitas mulheres, de gerações diferentes, se desdobrando para ser coisas que não são necessárias, só um exemplo, quando o filho atinge dez anos, ele pode sim carregar sua mochila, vou conseguir explicar isso melhor, outra hora.

5 comentários:

Chaves disse...

É, Paola, mas como é difícil acertar na dose.
Tem que deixar o filho quebrar a cara de vez em quando, mas tem que saber consolar depois.
Estou passando uns maus bocados com essa história.
Bom ler sobre isso.
Beijos

Anônimo disse...

Algumas, simplesmente abrem mão do papel e somem de cena, por não conseguirem acompanhar e aceitar que os filhos crescem e partem rumo aos seus próprios desafios. Não sabem lidar com adultos. É uma pena !

Camila disse...

ah, uma coisa é acompanhar e outra coisa é ser stalker de filho né?!!
tá certa vc.

bjs chuchu

Paola disse...

"Seus filhos não são seus filhos,
são filhos e filhas do apelo da própria vida.

Vêm por meio de vocês, mas não de vocês.
E embora estejam com vocês,
não lhes pertencem."

(KahlilGibran)

Foi num Natal, lá pela década de 70, que ouvi essa poesia pela primeira vez. Estava na moda, todo mundo tinha "O Profeta" de baixo do braço.
Por algum motivo particular lá entre eles, meu pai deu de presente o livro para minha avó, e de lambuja um poster com a poesia, que ela pendurou na porta da vitrine dela.
Minha avó leu a poesia e contestou, ela não aceitava essa coisa de "seus filhos são filhos da vida"? E a mãe fica como? Não tem voz ativa? Sua opinião e sua vontade não valem nada?

Trinta anos depois, essas palavras elas tomam um novo significado, e passo a pensá-las como mãe.

Quero que meus filhos cresçam e se libertem de mim.

Quero que eles se livrem da minha tutela.
Quero que eles encontrem o caminho da felicidade!

Se fosse fácil eu estava aqui falando de misan-plis!!

juliana disse...

adorei! eu tbem não faço esse papel. beijocas professorinha querida!