quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Casca e Clara?

Minha família é cheia de personagens, parentescos nem sempre muito claros, para estranhos.
Minha avó tinha três irmãos e duas irmãs. Com quem convivi bastante, inclusive com filhos e netos. Com as tias, quase tanto quanto com minha avó.
As três moravam, cada uma em sua casa, eram quase vizinhas, uma morava aqui, a outra ali, e mais um pouco a outra, por isso, todos os dias, depois do almoço elas tomavam o café na casa da minha avó. O almoço de sábado na casa da tia Gemma, e o lanche, com direito à umas partidas de "pontinho" na casa da tia Elza.
As três tinham amigas constantes, às vezes, quem era de fora podia pensar que eram todas irmãs, quase, mais de 50 anos de amizade, permitiam as confusões. A dona Olga, grande amiga da minha avó, era cunhada da tia Gemma, a dona Irma, também. Eram tão amigas que eu achava que todas eram minhas tias.
Eram, as três muito festeiras, se tinha aniversário na família, iam, normalmente eram elas que levavam o bolo, o "Colchão de Noiva", de costume e tradição, uma das especialidades da família.
Vovó e tia Elza dirigiam, iam aos eventos, cada vez no carro de uma. Tia Gemma, só ia de carona.
Tia Elza tinha um Corcel vermelho, provavelmente 70, a vovó um Fiat 147, elas só não gostavam muito de dirigir à noite, não tinham problemas com distâncias.
Apesar de estarem sempre juntas, até durante a semana, às quintas elas iam ao grupo de costura Santa Rita, onde costuravam e tricotavam enxovaizinhos para crianças carentes, algumas atividades eram particulares, a ginástica na ACM da minha avó, tia Elza tinha um compromisso com a Irmã Guilhermina, a freira do Colégio Santa Inês, onde estudaram, e tia Gemma também, tinha um outro grupo de costura.
Tia Elza, era solteira, havia sido professora primária e funcionária pública, lia o jornal e era extremamente informada. Sempre foi positiva e determinada, todo ano convidava todos os sobrinhos para uma pizzada, uma delícia. A última vez que falei com ela foi no seu aniversário, estava tudo acertado para a famigerada pizza, mas uns dias antes, indo para a missa, foi atropelada, ficou toda arranhada, quebrou uns ossos, desmarcou a pizza. Alguns dias depois do seu aniversário, ela morreu, teve um enfarte, fazendo tricô! Vai entender.
Das três, tia Gemma viveu mais, foi até quase 90. Foi ela que me ensinou a receita da vida longa. Sim, ela deu e é uma receita de fácil compreensão: Trabalhar, fazer exercícios e não se preocupar com problemas, nem seus nem dos outros!
Essa lição eu aprendi, desde então me esforço em colocá-la em prática todos os dias.

4 comentários:

Ana R. disse...

Nada como nossas preciosas recordações de família....Não existe tesouro maior. Não se preocupar com os problemas é um sábio conselho. Realmente não dá pra levar a vida tão à sério...:)

Anônimo disse...

Sua tia Gemma era sábia!!!!Acho que ela andou conversando com meu pai... ou pelo menos, foram educados pela mesma cartilha

Paola disse...

Com certeza, aliás, que fofo que ee seu pai!
Senti sua falta, quinta feira treinei com os meninos. Até desenho sobre judô eu fiz!!!!

Chaves disse...

"Trabalhar, fazer exercícios e não se preocupar com problemas, nem seus nem dos outros"
Gostei.
Beijos