quinta-feira, 25 de setembro de 2008

A menina do laço de fita

Outro dia escrevi no meu caderno, uma história, tão bonitinha sobre uma vovó que pinta e pinta muito, uma delícia, acontece que não consigo, de jeito nenhum copiar para o blog , perdi essa capacidade no primeira semana de uso do computador, quando descobri, passei a escrever e editar, sem o uso do papel, então a história está lá, esperando uns dedos obedientes.
Fiquei pensando, que esse lado vovó é relativamente novo, e ela é muito mais.
Imagine só, ela tinha três irmãos, um mais velho, dois mais novos. Família grande, ela era a segunda neta, diferença de idade, enorme com a mais velha. Foi uma criança festejada, as atenções sempre voltadas para ela.
O pai, depois de carregar muito saco de café, agora, dono de uma torrefação, prosperava. Investia nos filhos, para a menina, aula de piano, declamação, balé, era ele quem a levava para escola, imagine só, quem fazia o lanche da mocinha?
Laços generosos prendiam as tranças. Menina bem cuidada. Menina bem-educada. Gostava de fazer pose para os retratos que eram distribuídos para a família toda.
Assim foi indo. Nesse tempo as moças cresciam para casar, aprendiam a tricotar, bordar, costurar e até cozinhar, mas ela, mesmo tendo um namorado com quem logo se casaria, resolveu continuar os estudos, foi fazer a faculdade.
Estudou, casou e teve o primeiro nenê antes de se formar, e um filho depois do outro, se dedicou com muita determinação a criar os filhos. Bordou uns lençóizinhos para os bebês, gostava das roupinhas engomadas e entiotadas, sabia até quarar roupas, moça prendada! Caprichosa!
Mesmo sendo tão caprichosa, não queria repetir o que tinha sido feito antes, sua intuição queria que os filhos fossem felizes, para isso, sabia que a escolha da escola era fundamental, queria uma diferente, moderna, era isso mesmo, queria algo moderno, não queria nada repetido, recalcado, não acreditava na de decoreba. Acreditava numa outra coisa, numa escola de conhecimento, de descoberta, era construtivista, e nem sabia que o nome era esse!
Mesmo na confusão da casa com filhos demais, empregadas de menos, buscou sua verdade, tinha desejos, e se empenhou em concretizá-los. Queria, não só a realização familiar, queria algo a mais, não foi fácil, os parentes cobravam muito, tinha tantos filhos e
marido, já não era realizada? A resposta é que faltava alguma coisa. Fez terapia, curso de psicodrama, voltou para a faculdade, estudou mais e foi trabalhar, buscar afinal essa realização profissional. Estudou e durante algum tempo encontrou a realização profissional dentro do seu campo de formação.
O tempo passou, os filhos agora grandes, já não precisavam dela como antes, então ela também se premiou com uma nova atividade, aqui exatamente começa a história da cores da vovó, que eu vou contar, mas agora o que eu quero é contar outra coisa.
Essa mulher, que poderia ter ficado lá, naquele lugar da mãe, mulher, dona-de-casa, nunca se acomodou, nunca se deu por satisfeita, sempre quis mais, em tudo que se envolve busca a essência, a excelência.
Um exemplo.

6 comentários:

Chaves disse...

Essa ânsia de transcender é algo incrível. Creio que é a centelha divina que fala em nós, e não nos permite ficar estáticos. Existe um quê de divino na arte, e também acredito que é a única maneira de entrarmos em contato com esse mundo que não é nosso.
O resto é só passatempo.

Kenia Mello disse...

Muitas vezes as pessoas que vêem a vida dos outros de fora não percebem que cada um tem seu caminho, sua história e seu próprio tempo. Compreender isso ajudaria bastante a evitar julgamentos precipitados e estereótipos desnecessários.
Beijos.

Chaves disse...

Paola, consegui dar uma paradinha e ler com calma um pouco mais do seu blog - até julho, pelo menos.
E adorei as reminiscências, adorei saber que você também não gosta de maquiagem - pensei que eu fosse a única doida.
E sobre os radares nas ruas eu tenho uma idéia ótima. Lembra aquelas armas de paintball, que lançam as bolinhas de tinta?
Meu sonho é sair de madrugada, um dia desses, e atirar nas lentes de um por um, só pra chatear. Ia demorar uns dias até consertarem todos.
Aliás, fazer isso em todas as câmeras de vigilância, pois estão transformando o nosso mundo em um livro do Orwell. Credo!

Paola disse...

CAmomila,
Essa ânsia, foi uma coisa que sempre me chamou muita atenção. até eu ter uns trinta, era difícil entender, afinal, minha experiencia édiferente, não precisei justificar meu desejo de estudo, de trabalho, etc e tal.
Obrigada pela leitur, ah! vamos juntas, rebelião contra os radares!


Kenia,
tenho surtos d catapora com as patrulhas da vida dos outros!

Beijos
PAola

Cristina Sampaio disse...

Sempre faltará alguma coisa, que fica por se completar... pra que a busca permaneça e a vida não tenha fim.
Nunca se dar por satisfeita, jamais se acomodar, é um belo exemplo.
Grande abraço!

Anônimo disse...

Paola,belo presente neste dia das mães!Fiquei contente ,me senti valorizada pelo que faço!Pois muitas vezes parece loucura esta minha busca incansavel atrás de formas e cores...Não sei o que é isto,mas ñ desisto de procurar,até quando ñ sei...Obrigada,filha querida,estou emocionada.A vida va1e a pena por coisas com esta!Bjos mama