sábado, 12 de junho de 2010

Dia dos Namorados


Sábado gelado em São Paulo, Junho, data propícia para festa junina em todas as escolas da cidade, nenhuma novidade, e lá fomos nós.
O de sempre, bandeirolas, barracas com brincadeiras bobas, churrasco quase queimado, quentão frio, vinho-quente demais, aqueles doces coloridos e sem gosto, invenções para encher linguiça, sonorização péssima, narrador pior ainda, sorteio meio estranho, com distribuição de camisetas de um certo time de futebol, por ser época de copa, toda decoração é em verde-amarelo, todo mundo já viu esse filme antes.
Até aí, "morreu o Neves", se você não sabe o que é isso, pergunta para alguém mais velho, em determinado momento sentei num canto, com as pernas já cansadas, tendo que esperar pela famigerada quadrilha.
Já ouvi, mais de uma vez, que eu sou indiscreta, que eu fico prestando atenção na conversa dos outros, isso é quase verdade, afinal os outros ficam conversando na minha frente, falando sem nehuma discrição, veja só que curioso.
Estava um frio daqueles, o vento batia e gelava a alma. Em determinados lugares era mais frio que outros, encontrei um cantinho que estava protegido do frio cortante e sentei.
Num instante, sentou-se ao meu lado uma mulher, ficou em pé na sua frente um homem, que eu achei que fosse o marido, eu não ia levantar, claro, afinal eu já sou uma senhora de uma certa idade, né?
Ai, o dito casal começa a travar uma conversa, de teor duvidoso... Ok, ok, não é da minha conta, peguei meu celular e comecei a escrever uma mensagem, enorme aliás!
Vamos combinar, certas conversas devem acontecer "entre quatro paredes de portas fechadas", já dizia Sartre, o inferno são os outros!
Estávamos lá, todos dividindo o mesmo espaço, a mesma barulheira ensurdecedora e o jovem casal começa a ter uma "DR", ali mesmo, ai-meu-deus, juro que eu não quero saber de nada, mas não vou levantar daqui. Ele começou a se desculpar(?) se de alguma forma magoou a moça, ai comecei a entender, ela questionava alguma coisa relacionada a dinheiro, ele depositou dinheiro para outra mulher... vixe a coisa vai ficar quente!
E eu lá, sofrendo de frio, escrevendo minha mensagem para um destinatario fictício!
Então, os dois já não eram mais casados, ele trocou a mulher por outra, agora está miguelando a pensão e ainda por cima se desculpa se por acaso tenha magoado a moça, não era essa a intenção dele! Puxa, essa me emocionou, que magnânimo ele é, não é?
O interessante é que os dois estavam lá, e juntos!
Dali a pouco a moça se levantou e sumiu... ele ficou por ali, olhando o nada, com cara de peixe fora da água, cego em tiroteio.
Eu, por minha vez fiquei pensando, por qual razão, motivo ou circuntância que o casal, recém separado, cheio de questões para resolver, combina de ir à festa na escola, junto, para quê? Talvez para fingir alguma coisa para o filho? É muita culpa, minha gente, fraqueza mesmo.
Se tivessem pedido minha opinião eu sugeriria que eles, antes de enfrentar situações sociais juntos, resolvessem as pendências em particular, num campo neutro, sem plateia, ou se quisessem muito se expor, deveriam mandar uma carta para a Márcia Goldsmith, ai é barraco via satélite em rede nacional, mais divertido, no mínimo.
Fiquei pensando nessa criança, que eu não sei ser menino ou menina, recebendo todo tipo de informação distorcida, a mãe falando os maiores impropérios velados sobre o pai, o pai se perdoando exageradamente, escondendo a nova "namorada", afinal ele tem pressa em ser feliz, e a felicidade está em outro lugar, esse ai, como tantos outros não aprenderam, ainda que a felicidade é algo a ser construído, o filho, esse tem tempo para ser feliz, mais tarde, agora é só manter as aparências!
Ai, fiquei enjoada com tanta mentira!

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