terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A velha história

O ano novo chegou e as velhas notícias continuam ocupando o espaço que deveria ser preenchido pelas esperanças, pela fartura e prosperidade tão prometidas recentemente.
Assim como em Dezembro, Janeiro chegou com força total, calor e muita chuva, muita inundação, desbarrancamentos de terra, milhares de desabrigados e vítimas fatais, muitas daquelas notícias que se repetem, na televisão um desfile de desvalidos contando que passaram a virada do ano puxando água, tentando salvar os poucos pertences que não escorreram na enxurrada.
Essa é a Chata-de-Galochas de ressaca, talvez da mesma ressaca de santos, anjos e orixás de saco cheio de tanta bestialidade, tanta promessa vazia.
Estou muito comovida com o número de mortos em Angra e Ilha Grande, estou entristecida com a quantidade de desabrigados em todo país em razão das enchentes, me aperta o coração ver tantas famílias despedaçadas, as mães que perderam seus filhos, os órfãos, os aleijados, espero que todos encontrem conforto e se recuperem.
Por outro lado estou enjoada de tanto espaço que os telejornais abrem para transformar vítimas em heróis, em enaltecer costumes corriqueiros, tempo investido em mostrar fotos de lugares que já não existem, no entanto, em nenhum deles, há mínimas referências sobre o motivo de cada uma das catástrofes, as construções eram mesmo seguras? Nenhumas delas foi construída em local de risco? Todas tinham permissão, habitesse? E daí que era uma pousada de luxo, aquele era um lugar apropriado para uma construção?
Tanto espaço para a "festa-da-virada", as emissoras até ajudaram divulgaram a listas dos shows, mostraram os cidadãos se preparando, mostraram famílias comemorando, que lindo, eles adoram famílias comemorando... mas ninguém pensou em fazer uma campanha propondo um Reveillon ecológico, precisa mesmo jogar tanto LIXO no mar? Vamos combinar que Iemanjá já não aguenta mais tanta colônia barata, tanto batom mequetrefe, não há mais espaço no fundo do mar, na terra e nem no ar para tanta ignorância, uma coisa é pular sete ondinhas, comer doze uvas, ou guardar caroços de romã na carteira, outra coisa é produzir lixo em nome de uma oferenda religiosa, isso é IGNORÂNCIA, tanto quanto jogar bituca de cigarro na rua, óleo de cozinha no ralo, absorvente usado no vaso sanitário, somos todos muito idiotas, uns mais que outros, diga-se de passagem, para que queimar tantos fogos de artifício, eles devem ser tão poluentes quanto o sofá jogado no leito do rio, ou a garrafa de espumante na areia da praia.
Agora inês-é-morta, já gastamos todos os recursos da Terra, há povos poluam mais que nós? Deve haver, mas uso aqui a mesma resposta que uso para meus filhos quando querem me convencer do "inconvencível" usando o velho truque do "meus amigos usam", gosto de lembrar: eles não são meus filhos, o mesmo vale não é o meu país, daqui a pouco as faturas começam a chegar.
O buraco é bem mais embaixo... dessa vez até a Av. Paulista alagou, como isso é possível?

Um comentário:

Ana R. disse...

Estamos completamente despreparados para enfrentar as intempéries da Natureza. Enquanto isso, o governo envia 18 milhões de dólares ao Haiti (mais tragédia), fora o custo monumental da logística. Tudo por uma cadeira na ONU e otras cositas más. Solidariedade sim, mas dentro dos limites, porque aqui, tem muita gente precisando de ajuda, vítimas da mesma Natureza e das atrocidades do homem-político. A Pastoral da Criança e do Idoso da Dra. Zilda está aí precisando de ajuda. Alguém lembrou de doar 100 reais pra lá?