sexta-feira, 29 de maio de 2009

Rapto da Sabinas


O rapto das sabinas é uma lenda, do tempo do Império Romano, há muita controvérsia sobre ela e suas consequências, mas é interessante o quanto essa lenda é marcante para mim.
Desde muito pequena percebi que quando andava com meu pai pela rua, ele sempre me fazia ficar do lado de "dentro" da calçada. Até tentei subverter essa história, mas era impossível.
Já maiorzinha, um dia, acabei perguntando a razão de tanta insistência, como com meu pai a explicação nunca é uma coisa simples, tive uma aula de História naquela calçada.
Diz a lenda que os romanos haviam fundado a cidade, mas não havia mulheres, então convidaram os sabinos, um povo vizinho, para uma grande festa, no auge das comemorações os romanos raptaram todas as solteiras e viúvas e levaram para Roma, mais tarde os sabinos armaram uma ofensiva, as mulheres, que já haviam se habituado à nova vida intercederam para que não houvesse um derramamento de sangue entre seus pais, irmãos e seus maridos. Desde então, os homens costumam proteger as mulheres andando assim. Se fosse outro pai, e talvez outra filha, a resposta mais simples seria a resposta mais prática, assim é mais seguro!
Já andei pesquisando essa história, há outras possibilidades, é um costume que se perde no tempo. Há outras explicações para tal costume, não sou capaz de repetir nenhuma delas.
Ontem, estava parada no sinal e observei, um casal enamorado, andando pela rua, a moça estava do lado da rua, o moço do lado do muro! A ficha caiu (essa é uma gíria quase tão antiga como a lenda, do tempo que os telefones públicos eram acionados por fichas, quando a ficha caia, a ligação era completada!), esse é um costume social, que já foi ensinado aos meninos e meninas.
Fiquei pensando, hoje, quantos pais ensinam isso aos filhos? Será que meu filho tem esse costume? Vou averiguar.
O maridão faz igualzinho ao sogro dele, não tem jeito de andar com ele e querer ficar no meio-fio! Já na primeira vez, eu percebi, achei engraçado. Não tem conversa, nem adianta querer mudar isso.
Pensando bem, do jeito que as coisas andam, é bom mesmo que se pense em maneiras seguras de circular por ai, mas que esse é um costume interessante, isso é!

3 comentários:

LuMa disse...

Ótima observação, Paola. Ainda que esse gesto esteja se perdendo, creio que nele contenha um mundo de sentimentos: proteção, civilidade, respeito e preservação. São pequenos gestos, mas com valores enormes que estabelecem o bem-estar e o bem-viver de uma sociedade. Qto ao seu pai, é admirável que, mesmo dirigindo-se a uma criança, criasse uma oportunidade para diálogos e amarrasse o argumento a um conhecimento, seja sobre a História que a civilidade. Meu pai fazia o mesmo. Qdo criança, ele estava imerso em dívidas, e o pouco que lhe restou, investiu tudo na educação e cultura das 5 filhas. Dizia que a cultura era o único bem que não se perde. Em meio a precariedade, nossos diálogos eram sempre em torno de novos conhecimentos e qdo nao sabia, ele ia atrás ou se interessava a nos responder à sua maneira, e vc não imagina como somos gratas por isso. Pais que fulminam perguntas dos filhos com "sei lá, não tenho tempo" está apenas contribuindo para uma sociedade pior. Na falta de conhecimento, a resposta sempre pode conter (ao menos)o afeto, atenção e interesse, não é mesmo? "Não sei a origem, mas eu o faço pra te proteger", já é excelente resposta a qualquer interlocutor, não acha?

Patricia Daltro disse...

Faço a mesma coisa com meu filho. Ele só anda na parte de dentro da calçada. Marido faz a mesma coisa comigo, é engraçado, nunca tinha parado para pensar em porquê.

Camila disse...

humm...e Não é q vc fez a minha ficha cair?!

:-)