quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Vizinhança Indesejada

Tempos difíceis, não é exagero. Acho que as variações de humor que estou tendo, são fruto da atual circunstância.
Há uns meses foi a vez da pintura da fachada, momentos inesquecíveis, achei que os latidos estridentes da minha pequena Pintcher era o ruído mais insuportável possível, eu estava errada!
Quando mudamos para o bairro eu ainda menina, em 1976, era como se tivéssemos mudado para o fim-do-mundo, ninguém sabia onde era e ainda assim diziam ser muito longe.
Não havia vizinhança, não havia padaria, não havia farmácia, não havia supermercado, pela janela era possível avistar o Taboão da Serra, havia na época, uma única linha de ônibus que passava por aqui. Se não era o fim-do-mundo, era próximo. O silêncio imperava. Todo dia, uma boidada passava pela rua que ainda não era asfaltada.
Aos poucos o bairro cresceu, o comércio prosperou, agora há de tudo, até shopping center, vários, com banco, supermercado e até restaurante bacana ! Que maravilha!
Quando casei e vim morar nesse apartamento aqui, era muito silencioso, não se ouvia nenhum tipo de ruído, ouvíamos os grilos. Aos poucos a civilização veio nos alcançando, ruas foram abertas, e passamos a ouvir os rumores próprios da grande cidade. Eu moro na maior cidade do hemisfério rio sul, o silêncio mais próximo fica, mais ou menos há uns 80 quilômetros daqui, eu sei.
O progresso tem seus percalços, e agora, aqui ao lado, num terreno que ficou esquecido durante muitos anos, onde morava pica-paus, bem-te-vis e outras aves, estão levantando um "edifício alto", com todas as comodidades da vida moderna, com Lan-House" e tudo!
A questão não é o edifício, a questão é a invasão.
A construção de um edifício, parece só respeitar os prazos de entrega, por isso o horário das obras é de 7:00 às 18:00. Tudo marcado pelo som de uma sirene, que, no meu caso, eu aposto , está instalada apontada para a minha janela.
Tenho a sensação que, de manhãzinha, os operários não podem ver, uma janela, se quer, fechada, eles sabem que por trás de uma janela fechada há uma pessoa dormindo, então capricham, são marteladas, a serra funcionando, são tábuas jogadas sem preocupação, além dos gritos e cantorias. São pontuais, quanto mais cedo, mais barulhentos são, me parece que eles fazem mais barulho bem cedinho, depois eles acalmam. No meu prédio boa parte dos moradores são pessoas da terceira idade, então eu suspeito, que, além da surdez própria da idade, também não são atingidos pelo barulho matutino, pois acordam mais cedo que a sirene.
Quando as férias começaram eu estava muito animada com a possibilidade de me levantar num outro ritmo, mais civilizado, que engano! Acho que vou acertar meu despertador para meu horário habitual, 6:00 da manhã, assim, quem sabe, na hora que o barulho começar eu já esteja pronta! Talvez um tampão? Vou pensar na possibilidade.
Não sou eu que vou impedir o crescimento do bairro, mas eles podiam maneirar. Além de todo barulho próprio da obra, também os ruídos atraídos pelo movimento, são carros de pamonha e outros quitutes derivados do milho, sorveteiros etc e tal.
Eles já estão incomodando, podiam desistir e fazer barulho em outra freguesia, estou considerando aguentar uma obra parada...

3 comentários:

Olly disse...

Morumbi meu bem.... Morumbi.... beijos

Rita de Cássia disse...

hauauauuaua
Aqui em casa todo dia é domingo, uma delícia, Daí chega sexta feira e começa e emoção dos carros com música de popozuda passando ou parando perto de minha porta o dia inteiro !!!!
O mundo não é um lugar seguro minha querida!!! hehe
Beijos

Kenia Mello disse...

Ah, Paola, esse é o tormento de quem vive nas grandes cidades. Aqui em Recife, moro no bairro mais barulhento... Um saco.
Mas também não sou do tipo que viveria feliz no mato. Silêncio demais me agonia também. Hehehe
Vai entender.
Beijos.