terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Os bichos que tive


Fui criada numa casa em que cachorros, gatos, pintinhos e todos os outros bichos eram extritamente proibidos, com cinco filhos em seis anos, minha mãe era taxativa, meu pai nem piava! O único cãozinho que tivemos foi um vira-lata branquinho, que chamamos de Pico, minha mãe cedeu pois foi um presente, daqueles irrecusáveis, mas durou pouco, um dia ele sumiu e ninguém mais soube dele, com isso as regras voltaram a ser respeitadas, com o agravante de que minha mãe não queria saber de criança chorando por causa de cachorro, prática de doer!
Quando conheci o maridão, fui apresentada à família e aos cachorros, cada casa tinha pelo menos um, tinha poodle, tinha boxer, tinha vira-lata, tinha até pequinês, quem diria, tinha cachorro para todos os gostos!
Depois que nos casamos fomos morar numa casa com jardim e quintal, minha cunhada que tinha uma poodle, uma pincher e um boxer, ia mudar-se para um apartamento, então o boxer, que se chamava Snoopy veio morar conosco.
Ele chegou já com oito anos, velhão para um boxer, mas era um velho enxuto e cheio de energia, muita ginga, sabia abrir as portas, fazia xixi em movimento, movimento circular, e adorava cavocar o jardim. Não gostava de gatos, antes dele vir morar conosco, à noite sempre recebíamos visitas noturnas, ninguém podia deixar o lixo bobeando. Na primeira noite, na nova casa, um gato desavisado veio xeretar o lixo, do nosso quarto ouvimos uns zinidos, era uma briga de cão-e-gato real! O maridão saiu correndo com um cesto na mão para separar os dois. O gato e seus amigos, nunca mais voltaram, o Snoopy foi levado para o veterinário.
Um tempo depois, um gato entrou no meu quarto, ninguém sabe como, quando eu vi o felino, gritei, o único que ouviu foi o Snoopy, ele veio e resolveu a parada.
Nessa época, era 89, ganhamos um papagaio, demos um nome bem simpático nele, Enéas, o bicho era daqueles, imitava minha voz, imitava o barulho das visitas e do cachorro, eu quase endoidei quando a filha-que-já-pode-votar, nasceu, ele imitava o choro dela, sempre que ela parava, eu subia as escadas da casa umas mil vezes por dia.
Quando meu irmão casou, sua primeira providência foi arranjar uma boxer, que assim que atingiu a idade, foi oferecida em casamento ao Snoopy, eles se amaram e nós ficamos com uma filhote, a Peggy, a primeira, minha desde de o nascimento, uma querida.
Ela aprendeu tudo com o Snoopy, os dois cuidavam da casa com unhas e dentes, sempre com muita emoção, com direito à corpos que se jogavam no portão e tudo!
Enquanto eu estava grávida, os dois cuidavam de mim, quando eu acordava e abria a porta da cozinha, os dois vinham me cheirar, a Peggy, encostava a cabeça na minha barriga e cutucava, lá de dentro vinha a resposta, uns chutes bem dados.
Quando a filha-que-já-pode-votar nasceu,deixamos a Peggy e o Snoopy cheirá-la, quando eu saia com ela no carrinho, os dois iam junto, cada um de um lado.
O tempo passou e o Snoopy começou a adoecer, foi ficando fraquinho, fraquinho, quando ele tinha 12 anos, chegou sua hora, nós levamos ele até o veterinário, ele já não andava, foi muito triste.
A Peggy também sentiu sua falta, mas logo se recuperou e cuidou de tudo. Quando nos mudamos, levamos a Peggy para morar em Campos de Jordão com minha tia. Lá no Sítio, até cuidar de gatinhos ela cuidou, era uma cachorrinha amorosa que só.
Ficamos aqui nesse apartamento muito pouco tempo sem a companhia canina.
Logo ganhamos a Preta, que agora é uma senhora de 14 anos, e merece muitos posts próprios, esse é sobre os que já se foram, e devem estar lá no céu dos cachorros!
P.S.: O título desse post foi inspirado no nome desse livro. É um livro infantil, da Silvia Orthof, é uma coletânea de "contos" sobre a experiência dela com animais, desde um bicho-de-pé, até Sua avó, um basset, aliás, Sua Avó, meu basset, é hilariante, imagine uma pescaria, a minhoca tomando banho e nada de peixe, até que o anzol enrosca no nariz de Sua avó, o basset, não sua avó! Dai em diante é de faltar o ar!

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